Reitor da Unicamp contesta ministro: “estamos no caminho oposto”

Ricardo Vélez Rodríguez disse que universidade deve servir "elite intelectual"; para Marcelo Knobel, ideal é ampliar formas de acesso

O reitor da Unicamp, Marcelo Knobel (Foto: Luciano Claudino/Código 19)

O reitor da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), Marcelo Knobel, contestou nesta segunda-feira (28) a fala do ministro da Educação, Ricardo Vélez Rodríguez, que em entrevista ao jornal Valor Econômico afirmou que "as universidades devem ficar reservadas para uma elite intelectual". De acordo com o ministro, é preciso aprimorar o ensino médio técnico para inserir mais cedo os jovens no mercado de trabalho. "A ideia de universidade para todos não existe", disse.

Segundo Marcelo Knobel, a visão adotada na Unicamp é "completamente diferente". "Estamos no caminho oposto. Ampliamos nossas formas de acesso porque acreditamos que as universidades públicas devem procurar uma representação da sociedade dentro delas, além de dar oportunidade para quem não tem, simplesmente porque nasceu em determinado local ou com uma determinada cor da pele", disse o reitor.

No vestibular deste ano, a Unicamp passou a adotar, pela primeira vez, cotas para negros e pardos, além de promover, também de forma pioneira, um vestibular indígena. "O Brasil tem avançado pra ampliar o número de vagas no ensino superior. E o ideal é que as políticas de estado levassem a essa direção."

Para Knobel, no entanto, "ainda é cedo" para avaliar a política educacional do governo Bolsonaro. "É cedo. Foi uma primeira entrevista (do ministro). Vamos aguardar e ver realmente as ações efetivas em relação ao ensino superior", disse.