Irineu Nje’a: A voz do protagonismo

Batizada de #JaneiroVermelho, a mobilização faz parte da campanha nacional “Sangue indígena, nenhuma gota a mais”, liderada pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), trazendo histórias de resistência e incansáveis lutas dos povos originários dessa Terra Brasileira.

janeiro vermelho

Depois do ‘Ato em Defesa dos Povos Indígenas’, ocorrido na cidade de Bauru, interior de São Paulo, nos dias 26 e 27 de janeiro, que contou com participação de vários artistas e apresentações nos segmentos dentro da temática indígena, os movimentos sociais e a liderança indígena da cidade, Irineu Nje’a, deram continuidade às manifestações no “Ato Nacional”, na Avenida Paulista, capital, no dia 31 de janeiro.

Acompanhdo de outro líder indígena, Anildo Lulu, da aldeia Teregua, responsável pela comitiva, após uma viagem longa e cansativa, com crianças, mulheres e homens da Terra Indígena Araribá, marcaramos presença no Museu de Artes de São Paulo (MASP), onde nos juntamos a outros povos indígenas de diversas regiões do Estado.

O protagonismo indígena ficou marcado pelas diversas etnias presentes, cada uma trazendo sua música, canto, dança e suas culturas peculiares, os povos Terena, Guarani, Pankararu, Pankará, Kaimbé, entre tantos outros, junto aos apoiadores e simpatizantes que participaram em grande número erguíamos uma só bandeira e ecoavam ecoávamos em uma só voz o grito: “Demarcação Já!” e “Não ao desmonte da SESAI (Secretaria Especial de Saúde Indígena)!”.

Essas mobilizações indígenas que vêm ocorrendo e se intensificando ainda mais nos dias de hoje são frutos de um cenário político atual totalmente declarado anti – indígena. Uma política de genocídio, retrocesso na história do Brasil relacionado aos povos indígenas, política de fragmentação e desmobilização, é isso que o novo presidente quer.

Jogando as demarcações de terras para o Ministério da Agricultura, podemos dizer, a grosso modo, que são os próprios “lobos cuidando das ovelhas”. Ao criar uma pasta para FUNAI no recém-criado Ministério das Mulheres, a ministra, Damares Alves, com suas ideologias, pode trazer a destruição cultural e genuína dos povos indigenas e também da municipalização da SESAI.

Nós, indígenas, não aceitamos esse retrocesso na política, pois retira os nossos direitos originários, dando brecha para que o agronegócio, os fazendeiros, posseiros e grileiros tomem a nossa terra. Dentro do pensamento de conservação e preservação ambiental hoje no Brasil, 100% estão nas terras indigenas. Os políticos querem acabar com as demarcações de terra, fomentando a criação de leis e anulando licenças ambientais, deixando várias regiões brasileiras vulneráveis ao risco de catástrofes e danos irreparáveis ao meio ambiente, a exemplo de Mariana em 2015 e Brumadinho recentemente, ambas cidades em Minas Gerais.

Pedimos a sociedade para conhecer a nossa luta de resistência histórica, para não cair nas falácias do atual governo de Jair Bolsonaro. Assim, chamamos e convidamos todos para juntarem-se a nós na luta indígena, pois ela não pertence a um só, mas sim a todos os brasileiros. Nossos direitos estão na Constituição, são cláusulas pétreas!

Nossos direitos originários existem bem antes da Constituição!

Então, DEMARCAÇÃO JÁ!!!!!