Giovanna Pomaro discursa em prol da unidade democrática

"A nossa juventude se reconstrói em Rio Preto para lutar com responsabilidade pelo Brasil popular que os brasileiros querem e têm direito."

Giovanna Pomaro, graduanda em Letras na UNESP e vice-presidente da União da Juventude Socialista (UJS) de Rio Preto, chamou a atenção durante a Conferência Municipal, realizada no último sábado (16), com sua fala clara e trouxe aos participantes dos partidos presentes, simpatizantes e membros de outras entidades, energia e entusiasmo. Confira a íntegra.

giovanna pomaro

"Eu gostaria de começar a minha fala agradecendo a oportunidade de estar aqui com vocês e representando a União da Juventude Socialista de Rio Preto. Que a gente consiga travar grandes batalhas juntos pelo povo brasileiro e pelo povo de Rio Preto. Cumprimentos aos meus camaradas das lutas que estão compondo esse espaço.

Quero também dizer que eu estou aqui ocupando esse espaço como mulher jovem e filha da classe proletária, e ocupar esse espaço pra mim é muito significativo. Desejo que num futuro muito próximo mais mulheres, negras, negros, camponeses, camponesas, indígenas e jovens falem e também ocupem esse lugar importante para nossa mobilização. Que as vozes daqueles que têm sido silenciados todos esses anos, e principalmente nesses primeiros dias de governo Bolsonaro, sejam ouvidas, respeitadas e consideradas por nós que fazemos política nessa cidade, nesse Estado e nesse país, que a democracia seja dessas pessoas, que a nossa unidade democrática inclua os oprimidos, que não nos esqueçamos deles nem durante o estado e nesse país, que a democracia seja dessas pessoas, que a nossa unidade resto dessa conferência e nem durante nossas ações cotidianas.

Pra quem não sabe, eu sou aluna da UNESP, do IBILCE, aluna da licenciatura em letras. A gente aprende, entre outras coisas, nesse curso, sobre a gestão de escolas, e sobre gestão democrática das escolas. Uma gestão de escola que ouça todos os setores que compõem o espaço: os alunos, professores, a equipe de limpeza, a comunidade externa, a coordenação. Ouvir qual escola os alunos querem, qual giz o professor quer, qual produto de limpeza é mais eficaz, qual projeto pedagógico faz mais sentido, quais ações são benéficas para a comunidade interna e externa, para que a direção trabalhe na construção dessa escola, tendo em mente sempre qual é a função social dela. Pois então, quando eu penso em democracia, eu sempre lembro dessas aulas e lembro de que a democracia deve ser assim: ampliada, deve ser de baixo pra cima, deve ouvir diversas vozes, deve ser plural.

No entanto, às vezes, inclusive aqui em Rio Preto, cidade que elegeu massivamente a política ultraliberal e ultraconservadora de Bolsonaro, essas diversas vozes estão confusas e perdidas, isso porque não há consciência de classe. E aqui surge um outro desafio da nossa missão democrática: o diálogo com a classe trabalhadora. Permitir que a classe trabalhadora compreenda a realidade das estruturas e engrenagens da sociedade capitalista e a necessidade da construção do socialismo. Pistrak, um pensador russo que desenvolveu teorias na área da educação propôs, inclusive, que essa deveria ser a função da escola: ensinar sobre a sociedade capitalista e como superá-la através do socialismo. Para mim, essa deve ser a nossa função cotidiana como classe detentora desse saber. Precisamos dialogar, ouvir e ensinar aos nossos que uma sociedade mais justa é possível quando nos engajamos na luta por ela.

Para isso, é importante que andemos de mãos dadas, em unidade, pois quando trabalhamos juntos por um ideal comum, é mais fácil de conquistarmos a vitória. Que andemos de mãos dadas na prática revolucionária apesar de nossas diferenças de ideais e táticas. Aproveito então essa oportunidade pra convidar todos que estão aqui, principalmente as juventudes de Rio Preto, a Kizomba, JPDT, a UJS, UJC e as juventudes do PSOL, para compormos a jornada de lutas que nos espera nos próximos meses. Que a gente se organize em unidade para mostrar para Rio Preto que existe posição nessa cidade e que ela está organizada para barrar retrocessos. Que não vamos assistir reforma da previdência em silêncio, reforma essa que atinge diretamente a nossa juventude, que não vamos deixar passar censura nas salas de aula, e que a democracia vencerá. Meu convite, neste momento, vai especialmente aos jovens porque, como bem falado no manifesto da UJS, somos nós que "temos alegria e rebeldia para derrotarmos a face velha e capitalista do Brasil".

Vale lembrar que ano que vem, 2020, ocorrerão as eleições municipais e é fundamental que tenhamos uma chapa forte e unificada da esquerda. Que a gente trabalhe para eleger uma chapa pro povo, que administre a cidade para o povo, para os jovens, para os estudantes, para a classe trabalhadora, que nos coloque em contato com a cultura, com a educação, que nos permita ocupar ruas, praças, bibliotecas, teatros, escolas e universidades. Uma chapa que impacte as nossas vidas. Mas que apesar das eleições, nós continuemos na luta pela construção do poder popular!

Não tenho dúvida que a nossa juventude, que não tem medo de morrer, porque sabe que a revolução é pra valer, se reconstrói em Rio Preto por uma unidade democrática que se faz nas urnas, mas também nas ruas, para lutar contra a ascensão do fascismo no nosso país, pelos direitos democráticos e pelo povo. Que não vai deixar que a gente perca outras Marielles. A nossa juventude se reconstrói em Rio Preto para lutar com responsabilidade pelo Brasil popular que os brasileiros querem e têm direito.

Concluo a minha fala pra lembrar que Marielle é semente de luta e que Lula é preso político! LULA LIVRE e MARIELLE PRESENTE!"