Francisca Rocha: Ser mulher no Brasil é um perigo constante

Há anos, as mulheres se mobilizam no Brasil e no mundo para por fim à violência que nos acomete diariamente. No Brasil, as proporções da violência e dos abusos sexuais crescem vertiginosamente e ameaçam a nossa civilização.

Por Francisca Pereira da Rocha Seixas*


Francisca da Apeoesp - CTB

Como mostra levantamento feito pelo Datafolha para o Fórum Brasileiro e Segurança Pública, nos últimos 12 meses, 1,6 milhão de mulheres foram espancadas no Brasil, sendo que 42% das violências ocorreram dentro da própria de casa, por pessoas conhecidas das vítimas. E pior, 52% delas não efetuaram a denúncia.

A situação vem piorando desde a deposição da presidenta Dilma Rousseff em 2016. O abandono das políticas públicas e o desrespeito à legislação de defesa da vida das mulheres, juntamente com uma campanha sórdida de difamação das bandeiras pela igualdade de gênero, criminalizando quem não reza pela cartilha do patriarcado, fazem a violência crescer como se agredir mulher fosse natural.

O Brasil é o quinto país que mais mata mulheres no mundo e o primeiro em assassinatos de LGBTs. O genocídio da juventude negra aumenta com a pregação de governadores e do presidente da República de que a polícia deve matar. Isso aliado à liberação do porte de armas nos levam a uma verdadeira guerra civil onde a população mais vulnerável fica a deus-dará, sem a presença do Estado.

A opressão machista é tamanha, que há projetos no Congresso Nacional para acabar com a com a cota de 30% de candidatas mulheres. Isso acontece porque cada vez que conquistamos mais espaços, os machistas de plantão tentam barrar nossos avanços. Mas não passarão!

Por isso, neste 8 de março – Dia Internacional da Mulher – estaremos novamente tomando as ruas para denunciar a cultura do estupro, a naturalização da violência. A nossa luta é pela vida das mulheres e por direitos iguais.