Lula Livre com Chico Buarque: aqui na terra ‘tão’ jogando futebol

Meu caro ex-presidente, me perdoe, por favor, se não lhe faço uma visita neste momento em que completa um ano de sua prisão arbitrária e sem provas. Mas saiba que apesar da coisa aqui tá preta, a gente vai levando a luta, de teimoso e de pirraça. E em tua homenagem, aqui na terra ‘tão jogando’ futebol. O time do Chico Buarque, Polytheama, jogou contra o time de militantes dos movimentos sociais no dia 6, em um evento organizado pelos Torcedores e Torcedoras Pela Democracia.

Por Penélope Toledo*

Futebol e democracia

Porque mesmo calada a boca, resta o peito. E o futebol, que é a nossa forma de resistência e de luta. O canto das arquibancadas, as mensagens das faixas estendidas nos estádios, a organização de movimentos e coletivos de esquerda entre as/os torcedoras/es, o futebol popular – que por si só, é essencialmente subversivo e desafiador.

É esta a nossa luta. Que não tem governo, que não tem vergonha, que não tem tamanho, que não tem censura, que não tem juízo. Nem nunca terá.

Segura firme aí, meu presidente, porque apesar deles, amanhã há de ser outro dia. Hoje são eles quem mandam, falou, tá falado. Mas eles não vão ter como proibir quando o galo insistir em cantar, eles vão ter que amargar quando o dia raiar sem pedir licença, eles vão ter que ver o céu clarear de repente, impunemente. Quando chegar o momento, esse seu sofrimento, ah, nós vamos cobrar com juros. Juro!

Aí então, a nossa gente sofrida vai despedir-se da dor de novo, como quando você era o presidente do nosso país. E o Brasil inteiro vai parar para te ver, te ouvir e te dar passagem.

Vem, Lula, nos dê a mão, que a gente agora já não tinha medo. Ninguém solta a mão de ninguém.