A luta contra a homofobia e a transfobia em Cuba

Igualdade de gênero, oportunidades, proteção à família, temas medulares reconhecidos na mais recente reforma constitucional do país, perseguem as Jornadas Cubanas contra a Homofobia e a Transfobia, acontecidas em meados de maio nesta cidade.

Camagüey, Cuba (Prensa Latina)

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'Falamos de um espaço que mostra a vontade política do estado cubano, que se inclui em um plano econômico e social, e que passa por eliminar qualquer indício de desigualdade e discriminação', argumentou Manuel Vázquez, coordenador das Jornadas em sua XII edição.

'Quando revisamos o capítulo 42 na Constituição, aprovado por ampla maioria da população, vemos as garantias de proteção que oferece o Estado cubano e o poder popular para que a dignidade das pessoas seja prioritária, e o direito a eleger', realçou o também licenciado em ciências jurídicas.

A Universidade de Ciências Médicas acolheu o intercâmbio acadêmico que ocupou espaço com oficinas dedicadas a sexualidades e direitos: para uma reflexão comprometida, 'enquadrada na Constituição com novas dinâmicas que se focam em reconhecer a diversidade de famílias, e o dever do Estado de protegê-las', expressou Vázquez.

'Pretendemos que a cada uma de nossas atividades teóricas estejam na ordem educativa e pedagógica, e que nossos resultados científicos sejam a base da reflexão', a dizer de Mariela Castro, diretora do Centro Nacional de Educação Sexual (Cenesex), adscrito ao Ministério de Saúde Pública.

Envolvidos na campanha Reescribe a felicidade, os profissionais do Centro 'geramos mecanismos de democracia típicas de nosso projeto socialista, que são parte de nossa própria independência; um processo histórico e emancipador e que hoje se pretende desacreditar', expressou Castro Espín.

A maior das Antilhas, que tenta a cada dia mais espaços de inclusão social, 'não pode perder de vista que o objetivo de muitos é restar legitimidade a qualquer ação governamental para apoiar a comunidade LGBTI'.

'Assim tivemos a tentativa de sabotar a conga que estava programada para Havana, por elementos contrarrevolucionários que manipularam o sentido da marcha', argumentou a doutora em Ciências.

'Por desgraça tergiversam uma atividade que só persegue chamar a atenção, mas para refletir, nunca para provocar, porque se trata de nos unir; e assim é o caráter emancipador da Revolução cubana', sentenciou a deputada à Assembleia Nacional do Poder Popular.

Em um contexto latino-americano caracterizado pela violência para a comunidade LGTBI, com índices de assassinatos devido à homofobia e transfobia alarmantes, apesar do empurre de movimentos sociais, normativos e avanços em matéria de leis, Cuba foca-se em potencializar ações por todos os direitos para todas as pessoas.

Para explicar o que acontece no continente a ativista social e membro do Ministério da Educação e Cultura do Uruguai, Collete Spinetti, se referiu ' às lutas que ainda existem porque a comunidade LGTBI tenha todos os direitos que atentam diretamente contra entes poderosos, dominados por pessoas com tolerância zero', expressou.

'Muitas têm sido as conquistas em um país como o meu; oportunidades inclusive para o acesso à saúde pública graças ao gerenciamento de governos progressistas; no entanto outras forças vão contra estes avanços, e hoje vejo uma Constituição como a de Cuba que deveria ser faro e guia em toda América Latina', argumentou a especialista em temas de educação sexual.

No entanto a mexicana Ary Lado Morales, especialista em temas de direito humanos, referiu-se à necessidade de 'tomar o exemplo de Cuba para que se professe uma mudança cultural que vem determinado primeiro com novas leis, com normas jurídicas para que as pessoas caminhem todas simultaneamente sem pensar em gênero nem orientação sexual, com respeito'.

Além dos espaços acadêmicos, o cronograma das Jornadas completou-se com a apresentação de obras no patrimonial Teatro Avellaneda, exposições de artes plásticas e a Gala Central do país contra a Homofobia e a Transfobia.

Do correspondente de Prensa Latina em Camagüey.