Donald Trump agita polêmica racista nos EUA
Presidente agitou a polêmica racista contra quatro congressistas norte-americanas em seu primeiro comício desde que começou essa tempestade política e encontrou um público favorável à causa.
Publicado 18/07/2019 12:55
Em um discurso de uma hora e meia em Greenville, Carolina do Norte, ele dedicou 20 minutos na quarta-feira a atacar as deputadas, criticando especialmente a muçulmana Ilhan Omar. Ele a acusou sem fundamentos de pedir piedade aos membros do Estado Islâmico e de se orgulhar da Al Qaeda. Milhares de pessoas no público começaram a gritar: “Mande-a embora, mande-a embora!”. Ele ficou em silêncio. A cena lembrou a campanha de 2016, quando seus seguidores diziam “Prenda-a, prenda-a!” sobre Hillary Clinton. A informação é do El País.
No fim de semana Trump publicou mensagens no Twitter nas quais exigia que quatro membros da Câmara de Representantes voltassem a “seus países”, quando todas são norte-americanas, três delas de nascimento: Ayanna Pressley, de Ohio; Alexandria Ocasio-Cortez, de origem porto-riquenha; Rashida Tlaib, de Detroit e Omar, que chegou da Somália quando criança.
Na cruzada do mandatário por associar o socialismo à destruição do sonho americano, usou a congressista Ocasio-Cortez de bode expiatório. Na quarta-feira a chamou somente de Cortez, porque “leva muito tempo” mencionar seu nome completo. O republicano disse que a deputada do Bronx achava que “os norte-americanos contemporâneos” eram “lixo”. “Ela acha que eu e você somos lixo”, disse apontando alguém do público. E a acusou de querer o bem-estar dos imigrantes ilegais acima do bem-estar dos norte-americanos. E repetiu a mensagem: “Se não gostam daqui, saiam”.
Nos comícios de Trump da campanha de 2016 era comum esse grito: “Prenda-a, prenda-a!”. Era dirigido à candidata Hillary Clinton pelos e-mails. Nessa quarta-feira pode ter estreado um novo lema às eleições de novembro de 2020. A congressista Omar acusou o presidente de promover a “agenda do nacionalismo branco” com toda essa polêmica. Ela e as outras três deputadas não pretendem concorrer à presidência nas próximas eleições, mas Trump começou a mencioná-las para alertar suas bases contra a esquerda mais progressista, chamando-as de socialistas e antiamericanas. “Elas não amam nosso país. Às vezes acho que o odeiam”, disse o presidente à multidão.
Na segunda-feira Trump se defendeu com unhas e dentes afirmando que “não se preocupava” que pensassem que as publicações eram racistas porque “muita gente concorda” com ele. E na quarta pôde verificar seu apoio. A Câmara de Representantes condenou na noite de terça o conteúdo de sua mensagem, mas é liderada pelos democratas. “Eles querem destruir o país”, Trump alertou seus seguidores nessa noite em Greenville.