Presidente da OAB diz que Moro usa cargo e banca o chefe de quadrilha

À colunista do jornal Folha de São Paulo Mônica Bergamo, o presidente da OAB, Felipe Santa Cruz, afirmou que o ministro da Justiça, Sergio Moro, "usa o cargo, aniquila a independência da Polícia Federal e ainda banca o chefe de quadrilha ao dizer que sabe das conversas de autoridades que não são investigadas".

O presidente nacional da OAB, Felipe Santa Cruz - Divulgação

Segundo o presidente da OAB, Moro não poderia receber informações sobre o inquérito, que é sigiloso, e só o Judiciário, que supervisiona as investigações, pode decidir o que fazer com as provas coletadas na busca e apreensão feita na casa dos hackers.

Ele lembrou que a entidade recomendou o afastamento do ministro da Justiça do cargo quando começaram a ser reveladas as primeiras conversas nada republicanas entre o então juiz e o procurador Deltan Dallagnol.

Na ocasião, a OAB dizia que a gravidade dos fatos demandava "investigação plena, imparcial e isenta". "Muitos disseram que a OAB foi açodada quando sugeriu o afastamento do ministro, exata e exclusivamente para a preservação das investigações", afirmou Felipe Santa Cruz.

Nesta quinta-feira (25) a Folha revelou que Moro telefonou para autoridades que teriam sido alvo dos hackers presos na quarta (24). E avisou que as mensagens das pessoas seriam destruídas em nome da privacidade.

“Ele conversou com o presidente Jair Bolsonaro, com o presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Dias Toffoli, com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, e do Senado, Davi Alcolumbre”, diz um trecho da matéria.

Ministro do STF perplexos

Na coluna desta sexta-feira (26), Mônica Bergamo diz que o aviso de Moro que mensagens serão destruídas deixou os ministros do STF perplexos.

“O ministro Marco Aurélio Mello se manifestou logo depois afirmando que apenas o Judiciário tem esse poder —mas outros magistrados vão além. Eles dizem que só o STF poderia analisar a eventual destruição de mensagens que envolvem autoridades com foro privilegiado— como Jair Bolsonaro e o próprio Moro”, disse a colunista.