João Paulo propõe a criação de Frente contra desmandos de Bolsonaro 

Segundo o parlamentar comunista, o colegiado atuaria como contraponto a ações e declarações do atual presidente da República, que atentam contra os valores do Estado Demócrito de Direito.

“Diante deste clima incerto e sombrio, marcado por declarações agressivas, xenofóbicas e ameaçadoras, proponho à Casa este grupo de trabalho. O objetivo é que ele seja uma trincheira em prol da Constituição e dos valores democráticos que vêm sendo frequentemente desrespeitados por Bolsonaro”, destacou. Na avaliação de João Paulo, o uso de instrumentos comuns aos regimes autoritários, como a censura, ameaças à oposição e à Justiça, e políticas anticientíficas, são atitudes constantes por parte de Bolsonaro.

Leia abaixo a íntegra do discurso do deputado.

“Eleito num processo conturbado, em que o candidato favorito nas pesquisas foi preso sem provas e sem crime, o governo Bolsonaro tem flertado abertamente com a ditadura. Alguns ingredientes do regime autoritário já estão presentes em atos e ações do novo presidente. A censura, a perseguição a jornalistas, a distorção da realidade pelo pensamento anticientífico, as ameaças à oposição e à Justiça, a defesa da violência e a destruição de mecanismos de participação da sociedade são ingredientes que, cada vez mais, deixam indignados os defensores da democracia.

O impulso autoritário de Bolsonaro não tem sido constatado apenas pela esquerda ou pela oposição. Mesmo entes conservadores, como o jornal O Estado de S. Paulo, já enxergam o presidente como um candidato a tirano. Em editorial, o diário paulista afirmou recentemente que o presidente Jair Bolsonaro considera impossível governar o Brasil respeitando as instituições democráticas, especialmente o Congresso. E que essas instituições estão tomadas por corporações que inviabilizam a administração pública, situação que abre caminho para uma ‘ruptura institucional irreversível', diz o jornal.

Com um vasto histórico de declarações agressivas, xenófobas, cruéis, incivilizadas e ameaçadoras, Bolsonaro tem despertado a reação de setores sociais comprometidos com o bom funcionamento das instituições – tanto no Brasil quanto em outros países. E é baseado nesse clima incerto e sombrio que venho propor a esta Casa, a criação da Frente Parlamentar em Defesa da Democracia, cujo objetivo é a formação de mais uma trincheira em prol da liberdade de expressão, da Constituição de 1988 e de valores condizentes com o Estado de Direito. Valores que Bolsonaro tem desrespeitado com metódica frequência.

Nesta terça-feira, em que milhares de brasileiros estão nas ruas, conclamo minhas colegas e meus colegas, independente de cor partidária, a assinarem o documento para a criação dessa frente, cujo objetivo, creio, é compartilhado pela maioria desta Casa.

Lute pela Democracia!”

De acordo com o Regimento Interno da Alepe, as frentes parlamentares precisam da assinatura de, ao menos, um terço dos deputados, além da aprovação pelo Plenário.

Do Recife, Audicéa Rodrigues