Publicado 23/08/2019 07:34
Nesta semana, devido às criminosas queimadas incentivadas pelo seu governo e praticadas por seus seguidores ruralistas, o Brasil virou destaque na imprensa internacional. Como registra o jornal espanhol El País, “a Amazônia brasileira arde em ritmo recorde” – e, junto com a floresta e seus animais, a imagem do país também é queimada.
A reportagem aponta que, nos primeiros oito meses do ano, o Brasil teve 84% mais incêndios que no mesmo período de 2018, segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais. O diário espanhol também detona o presidente brasileiro, que rejeitou as pesquisas do Inpe e insinuou – sem apresentar qualquer prova – que as enormes queimadas desta semana foram provocadas por organizações não governamentais (ONGs).
Já o jornal britânico The Guardian publicou na quarta-feira (21) que, desde que Jair Bolsonaro tomou posse, menos multas foram aplicadas no campo e que seus ministros “deixam claro que suas simpatias estão com os madeireiros, e não com os grupos indígenas que vivem na floresta". Nessa quinta-feira (22), o site do diário também deu destaque às vaias que o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles – também já apelidado de “office boy do desmatamento”, recebeu em evento sobre o clima em Salvador (BA).
Revista prega sanções econômicas
Outro veículo britânico, a revista The Economist, deu capa na primeira semana de agosto à imagem de um toco de árvore com formato do mapa do Brasil sob o título “Vigília da morte para a Amazônia”. Em editorial, ela enfatizou que a região “está perigosamente perto do ponto de inflexão… O Brasil tem o poder de salvar a maior floresta tropical da Terra, ou destruí-la”. A revista não vacila em culpar o ultradireitista Jair Bolsonaro.
A imprensa estadunidense também está atenta à regressão ambiental e às maluquices do “capetão”. O jornal The Washington Post tratou na segunda-feira das queimadas que escureceram o céu de São Paulo e alertou que a floresta Amazônica é essencial ao equilíbrio climático e à biodiversidade do planeta. Já o diário The New York Times realçou que o desmatamento da Amazônia cresceu rapidamente desde que Jair Bolsonaro tomou posse e cortou os subsídios para combater as atividades ilegais na floresta.
Já na Alemanha, que acaba de suspender o repasse de verbas para o Fundo Amazônia, a revista Der Spiegel apavorou os barões do agronegócio amantes do “capetão”. Após afirmar que “a Amazônia diz respeito a toda a humanidade”, ela decreta: “Chegou a hora de se pensar em sanções diplomáticas e econômicas contra o Brasil”. No mesmo rumo, o jornal Die Zeit afirma: “De que adianta cortar o dinheiro para a conservação da floresta de um parceiro que, de qualquer forma, não tem mesmo interesse na conservação da floresta – e ainda responde à pressão pública com ostensiva teimosia, ao invés de mostrar disposição em conversar?”.
“O idiota de Ipanema”
As queimadas só pioraram a imagem do Brasil no exterior e transformaram o “presidente” em um imbecil de dimensões mundiais. Antes delas, o cenário já era deprimente. Na quarta-feira retrasada (14), um programa de sátira da tevê pública ARD da Alemanha chamou Jair Bolsonaro de “Idiota de Ipanema” e de “Samba-Trump”. O âncora Christian Ehring ainda exibiu um vídeo com uma paródia em que o “idiota” brasileiro afirma, entre outras besteiras, que não deixará um centímetro de terra para as reservas indígenas. “Aqui no Brasil, governa um cara esquisito, que gosta de polícia, de militares e de atirar com espingardas”, afirma um dos trechos.
Na mesma semana, reportagem do jornal The Guardian já havia dado destaque ao “piriri verborrágico” de Jair Bolsonaro. “O presidente do Brasil tem sido notório por suas declarações odiosas e homofóbicas – ele uma vez proclamou que preferiria um filho morto a um filho gay. Mas mesmo pelos padrões loquazes de Bolsonaro, as últimas semanas foram notáveis”. O jornal britânico lista declarações recentes sobre violência, eleição na Argentina e, especialmente, sobre o desmatamento da Amazônia.
Além disso, o The Guardian discute a fixação do presidente sobre temas escatológicos. Tudo isso, diz o jornal, afeta a imagem do país no resto do mundo. "Por que qualquer país gostaria de lidar com um segundo Trump? Você é obrigado a lidar com um Trump porque são os Estados Unidos. Mas não há razão para lidar com um segundo Trump. O Brasil simplesmente não é tão importante… Não somos essenciais", afirma um entrevistado pelo jornal.