Presidente da Bolívia repele proximidade com Bolsonaro
O presidente boliviano repeliu as insinuações recentes de Jair Bolsonaro de uma aproximação entre os dois. Ele não quer proximidade com o presidente repudiado mundialmente. Diz que se relaciona com todos os presidentes eleitos do mundo, mas que os caminhos de ambos são radicalmente diferentes: "Há uma diferença ideológica importante entre nós".
Publicado 25/08/2019 15:45
Em entrevista à jornalista Sylvia Colombo, da Folha de S.Paulo, o presidente boliviano, ao ser questionado sobre alguma aproximação com Bolsonaro "balança a cabeça negativamente".
Haverá eleições presidenciais na Bolívia em 20 de outubro e Evo lidera todas as pesquisas de intenção de voto, com com 34%. Ele está no poder desde 2006, e transformou a Bolívia: recebeu o país com PIB de US$ 9 bilhões e hoje é US$ 37 bilhões. Há 13 anos, os pobres representavam 60% da população. Hoje, são 35%. Pelo quinto ano seguido, a Bolívia é o país sul-americano que mais cresce, com alta de 4,2% em 2018 segundo o Banco Mundial.
Na entrevista, ele explicou que deve relacionar-se com Bolsonaro institucionalmente: “Não é porque temos diferenças ideológicas que não vamos nos relacionar politicamente. Relacionamo-nos bem com todos os presidentes, desde que tenham sido eleitos de forma democrática.”
Por isso, explicou, esteve na posse de Bolsonaro. Além disso, deve-se levar em contra que o gasoduto Brasil-Bolívia é a mais importante alavanca econômica do país, o que implica um esforço extra de Evo para manter relações normais como Brasil.
Isso não significa aproximação. Num dos discursos de sua campanha que a jorntalista da Folha acompanhou, Evo criticou a política de armas do governo brasileiro. "A bordo do jato, voltou ao tema. 'Tenho lido sobre isso e acho gravíssimo. Não compartilho a ideia de permitir mais armas para que brancos matem a população pobre do país'”, disse, acrescentando: “A Bolívia nunca fará isso. Há uma diferença ideológica importante entre nós. Mas, ainda que exista essa diferença, como presidente eleito democraticamente, eu o respeito.”