Bolsonaro tenta fugir de um vexame em Nova York, por Helena Chagas
Já terá sido uma grande vitória se Jair Bolsonaro deixar Nova York, nesta quarta-feira (25), depois de discursar na abertura da assembléia das Nações Unidas, numa espécie de zero a zero. Entre políticos e diplomatas, não há qualquer expectativa positiva quanto ao pronunciamento, menos ainda em relação às reações – mesmo que o presidente, como se espera, modere as palavras e se comprometa com a preservação da Amazônia.
Publicado 23/09/2019 18:14
Se Bolsonaro se livrar de um vexame já será muito, dizem esses observadores. O que seria um vexame em Nova York? A retirada de delegações do plenário amadeirado da ONU durante o discurso do brasileiro, que sempre está no foco das atenções mundiais por ser tradicionalmente o primeiro da assembléia. Ele já foi rifado do evento da véspera, hoje, no painel especial sobre meio ambiente. Tiraram a intervenção brasileira do programa. De lá podem sair muitas razões para constrangimento, já que a Amazônia é o prato principal na ausência dos brasileiros.
Constrangimento grande também haverá se, em sua curta estadia novaiorquina, o presidente brasileiro for vaiado ou hostilizado na rua e em locais públicos, apesar de todos os cuidados da segurança americana e brasileira. Nessa época, os quarteirões próximos do prédio da ONU, na Primeira Avenida, costumam ser fechados a pessoas não credenciadas, e o acesso aos chefes de Estado é quase impossível. Mas sabe-se lá.
É óbvio que um fracasso na ONU iria reverter negativamente na popularidade presidencial no Brasil, que já não anda bem das pernas. E e por isso que, por aqui, muita gente, sobretudo do governo, torceu para que os médicos não autorizassem a viagem presidencial. Mas autorizaram, e agora seja o que Deus quiser.
O único consolo de Bolsonaro talvez seja o encontro que certamente terá com Donald Trump, seu ídolo e mentor. Se o jantar anunciado pelo brasileiro não sair, os dos certamente irão se esbarrar nos bastidores da Assembléia, atrás do palco, onde o primeiro orador, sempre o presidente brasileiro, cruza com o segundo, que tradicionalmente é o americano.