Semana Vermelha: A ação da direita, cheia de sangue e mentiras

A PM-SP coberta do sangue de jovens inocentes e a PM-RJ manchada do sangue de Agatha, uma menina de oito anos, são as marcas desta semana que inicia dezembr. A ação da direita segue os sinais dos governos Bolsonaro, Dória e Witzel, e a PM mata jovens na periferia, pobres e negros. E, na internet, militantes da direita – que seguem seu guru Steve Bannon e têm saudades de Pedro Banana – aplicam técnicas de manipulação que usam a indignação para fazer repercutir as bobagens que difundem.

Paraisópolis

A direita e as saudades do imperador Pedro Banana – Angela Alonso: Atraso motiva o fascínio bolsonarista pela monarquia – O autoproclamado “Príncipe” descomemorou a República. O deputado sangue-azul desejou que o 15 de Novembro venha “pesar na consciência nacional”. E o ministro da Educação lamentou a “infâmia” de derrubar “um patriota, honesto, iluminado, considerado um dos melhores gestores e governantes da história”. Com essas falas, os governistas, se os tivessem, teriam mandado seus escrúpulos historiográficos às favas. Pedro 2º – sua imagem heroica é construção de áulicos que, no começo da República, fundaram o Partido Monarquista. D Pedro 2º, de moto próprio, pôs o país em maus lençóis no rompimento de relações diplomáticas com a Inglaterra, e na teimosia em seguir a guerra ganha contra o Paraguai apenas para matar o chefe inimigo. Ausentou-se do Brasil em momentos críticos de deliberação sobre a escravidão, 1871 e 1888. Ao final do Reinado, assistia a missas e exames de estudantes enquanto o país flertava com a guerra civil. A imprensa e muitos políticos o viam como rei indeciso, fraco, desinteressado dos problemas nacionais, chamado a torto e a direito de “Pedro Banana”. Foram 49 anos de Segundo Reinado, 48 de escravidão. O Império não caiu por fazer a abolição, consumiu-se em evitá-la. Não expandiu cidadania, não modernizou o país. Em 1872, 85% dos brasileiros eram analfabetos. Não chegaram aos rincões nem escola, nem Justiça, nem saúde, nem transporte, nem a administração pública. – Era um Estado liberal, ao gosto do governo corrente, que garantia prerrogativas econômicas e bélicas dos proprietários de terra e negava políticas públicas aos demais brasileiros. Estimulava a livre iniciativa – exceto a do milhão e meio de escravos. Parte do fascínio bolsonarista com a monarquia deve a esse seu lado, o do atraso. Outra deve à sua face violenta. O Império nada teve de pacífico, atravessado por assassinatos políticos e revoltas reprimidas à bala. O governo do barão de Cotegipe ilustra a brutalidade do Estado monárquico. Sua “política do cacete”consistiu em fraude eleitoral, interpretações capciosas da lei, censura e destruição de jornais, policiais atirando em manifestações públicas e caça à mão armada a adversários. Em 1888, os respeitáveis de Itapira invadiram a casa de delegado suspeito de abolicionismo. Quebraram sua porta e seus ossos a marretadas. Como entre os linchadores estavam vereadores e o juiz municipal, demais autoridades fizeram vista grossa. O apreço dos novos governistas pelo velho regime é por esse liberalismo que resguardava a propriedade, em vez de direitos individuais, e liberava armas para “autodefesa”. Seu exercício recente está no assassinato de líder do PSOL no Acre, no ataque à exposição no Congresso, na agressão racista a professor da Unesp, em CPIs nas universidades, na perseguição a pesquisadores de temas indigestos – como a ditadura. Somam-se símbolo e número do partido do presidente e seu ministro da Economia, que secundou o 03 na defesa do AI-5.

A PM encharcada do sangue de inocentes – Ação criminosa da polícia de Doria deixa 9 mortos pisoteados em SP – A criminosa e truculenta ação da Polícia Militar (PM) do governo João Doria (PSDB-SP) contra um baile funk em Paraisópolis (SP), onde havia 5 mil pessoas, deixa nove mortos no domingo (1). Participantes do baile negaram a versão da PM – segundo a qual policiais agiram em resposta a criminosos que se esconderam na festa. Segundo testemunhas, PMs encurralaram frequentadores em uma viela, levando ao pisoteio das vítimas. "É mentira. Eles (PM) que já chegaram atirando, pisoteando a cara das pessoas, quebrando carros e motos. Foi tudo planejado", disse um jovem morador de Paraisópolis. A punição dos responsáveis pelo massacre foi cobrado para evitar que volte a se repetir. 

A PM-RJ e o sangue inocente de Agatha – Ministério Público denuncia PM pelo homicídio da menina Ághata – O cabo da Polícia Militar Rodrigo José de Matos Soares, autor do tiro que matou a criança Ághata Vitória Sales Felix (8 anos), no Complexo do Alemão, é processado pela justiça na 1ª Vara Criminal da Capital (RJ). A pena pode ser de 12 a 30 anos de prisão. Seu crime ocorreu em 20 de setembro de 2019, por volta de 21h30; ele usou o fuzil para atirar contra duas pessoas não identificadas numa moto. Ághata estava em uma kombi e foi atingida. “O denunciado, por erro no uso dos meios de execução, atingiu pessoa diversa da que pretendia matar, uma vez que um dos projéteis ricocheteou no poste de concreto situado na Rua Antônio Austregésilo, fragmentando-se em partes, sendo certo que um desses fragmentos teve sua trajetória alterada, vindo a atingir a criança Ághata Vitória Sales Feliz”, diz a denúncia. Segundo os promotores, o crime foi cometido por “motivo torpe e mediante recurso que dificultou a defesa das vítimas, em momento pacífico na localidade, com movimentação normal de pessoas e veículos”. http://www.vermelho.org.br/noticia/325062-1

O paupérrimo PIB de uma economia que não enxerga o povo – Causas e consequências do PIB medíocre de Bolsonaro e Guedes – O paupérrimo índices do PIB mostrado pelo IBGE (0,6% em relação ao segundo trimestre do ano) resulta de uma visão de país que ignora a suas originalidades e as demandas populares, voltada exclusivamente para os interesses econômicos associados aos centros financeiros no Brasil e no exterior. 

O privatizador maluco quer dar 250 bilhões de reais ao capital privado – Paulo Guedes quer torrar Banco do Brasil na ciranda financeira – O ministro da Economia inicia processo para arrecadar R$ 250 bilhões para o rentismo. A privatização do Banco do Brasil está perto de ser iniciada, podendo ocorrer até o fim do mandato bolsonarista, em 2022. Há fortes sinais de que o tema já é alvo de discussões dentro do governo. A privatização do Banco do Brasil foi abordada em reunião do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), o braço de privatizações do governo federal, há duas semanas. Guedes quer pôr o Banco do Brasil nas privatizações que serão enviadas ao Congresso no próximo ano. Em entrevista ao jornal O Globo, Paulo Guedes disse que uma privatização particularmente poderia “render” R$ 250 bilhões. Duas empresas públicas, com ações negociadas na Bolsa de Valores, teriam potencial para superar as centenas de bilhões: o Banco do Brasil e a Petrobras. Para o ministro da Economia, operador do sistema financeiro no governo Bolsonaro e espécie de privatizador maluco, o Estado tem de vender todas as empresas públicas para carrear recursos públicos ao rentismo privado. 

Dinheiro publico financia fake news – Bolsonaristas usam quase meio milhão de dinheiro público em fake news – Em depoimento na CPI das Fake News, a deputada eputada Joice Hasselmann (PSL-SP) afirmou que os bolsonaristas usam ao menos R$ 491 mil do dinheiro público por ano para espalhar fake news. Essa verba seria destinada ao "gabinete do ódio", criado para cuidar da comunicação do presidente. Segundo denúncia da deputada, esses funcionários recebem a ordem através do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP). 

O uso da fé religiosa pela direita – Magali Cunha: Como se formou a hegemonia pentecostal no Brasil – As lideranças religiosas pentecostais fazem parte do segmento religioso cristão que mais se expandiu, numérica e geograficamente, no Brasil nas últimas décadas. Silas Malafaia, Edir Macedo, Marco Feliciano e Jair Bolsonaro: símbolos da ascenção política dos neopentecostais. Hoje, compreender o pentecostalismo é imprescindível para quem se interessa pelas dinâmicas socioculturais e políticas que envolvem o país. O pentecostalismo é formado por uma variedade de grupos, desde grandes igrejas até pequenas denominações de uma única congregação. Os primeiros evangélicos chegaram ao Brasil por meio de missionários estadunidenses, na primeira metade do século 19. Atualmente, o grupo mais significativo desse mosaico religioso são os pentecostais. Representam a maior fatia numérica (são cerca de 60% dos evangélicos), com presença geográfica importante, ocupação de espaço nas mídias tradicionais (rádio e TV) e intensa atuação na política partidária. A partir dos anos 1950, com os intensos movimentos migratórios do campo para as cidades e o processo de industrialização do país, surgiram as igrejas pentecostais fundadas por brasileiros. Várias delas tiveram em programas de rádio um importante apoio para disseminar sua fé.Mas o boom pentecostal, de fato, ocorreu a partir da década de 1980 e transformou significativamente o perfil do segmento evangélico brasileiro. Essa expansão tão marcante tem alicerces nas transformações do mundo naquele período. Foi o momento dos processos de derrocada do socialismo, simbolizado pela queda do Muro de Berlim, e a consolidação do capitalismo globalizado e da cultura do mercado, baseados na lógica da plena realização do ser humano pela posse de produtos e serviços e pelo acesso à tecnologia da informática. Grupos cristãos estadunidenses adequaram seu discurso à nova ordem mundial e criaram a Teologia da Prosperidade.Os estudiosos da religião dizem que se trata de uma relação de troca com Deus, bem própria do clima social estabelecido pelo mercado neoliberal. Cura, exorcismo e prosperidade tornaram-se marcas de uma nova forma de pentecostalismo, que deixava de enfatizar a necessidade de restrições de cunho moral e cultural para que se alcançasse a bênção divina.Esse pentecostalismo se expandiu no Brasil pelos anos 1990 e 2000, com a formação de um sem-número de igrejas. O neopentecostalismo não significa a superação do pentecostalismo clássico do início do século 20. Pelo contrário, a Assembleia de Deus consolidou-se como a maior denominação pentecostal, e é também a maior igreja evangélica do Brasil, em termos numéricos e geográficos, com suas grandes e pequenas divisões em “ministérios”. Entretanto, os grupos neopentecostais ganharam intensa visibilidade por conta da ocupação das mídias tradicionais, como rádio e TV, e dos projetos de participação política.Na virada para o século 21, pastores e líderes neopentecostais tornaram-se empresários de mídia e detentores do que se poderia chamar “verdadeiros impérios” no campo da comunicação, buscando competir até mesmo com empresas não religiosas historicamente consolidadas. Chegou ao ponto de alguns desses grupos religiosos já nascerem midiáticos. A tudo isso se conecta o crescimento de um mercado da religião. Os cristãos tornam-se um segmento de mercado com produtos e serviços especialmente desenhados para atender às suas necessidades religiosas, sejam de consumo de bens, sejam de lazer e entretenimento. A maior presença dos evangélicos no campo da política partidária é parte desse contexto. Desde o Congresso Constituinte de 1986 e a formação da primeira bancada evangélica e seus desdobramentos, a máxima passou a ser “irmão vota em irmão”. Depois de altos e baixos numéricos, decorrentes de casos de corrupção e fisiologismo nas legislaturas pós-Congresso Constituinte, a bancada evangélica consolidou-se como força a partir dos anos 2000, chegando a alcançar 92 parlamentares (88 deputados e 4 senadores) em 2014, e nas eleições de 2018, 94 (85 deputados e 9 senadores), sendo os pentecostais uma força hegemônica.Essa potência solidificou-se na última década e meia, muito especialmente por conta da força de duas igrejas evangélicas que concretizaram, desde 1986, projetos de ocupação da política institucional do país: as Assembleias de Deus (AD) e a Igreja Universal do Reino de Deus (Iurd). Ambas passaram a ocupar, depois de 2003, espaços plenos de poder em partidos (respectivamente o Partido Social Cristão, PSC, e o Partido Republicano Brasileiro, PRB), maior quantidade de deputados e senadores no Congresso, conquistas de cargos públicos. Além disso, dois fatos impulsionaram o poder pentecostal na política. Um deles foi a inusitada nomeação do deputado Marco Feliciano (hoje, Podemos-SP) como presidente da comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara, em 2013. Outro fato foi a eleição do deputado federal pentecostal Eduardo Cunha (MDB-RJ) à presidência da Câmara dos Deputados, em 2015. Representou um poder sem precedentes para a bancada evangélica e facilitou tanto a defesa das pautas descritas aqui como a abertura à concessão de privilégios a igrejas no espaço público. Tanto a Iurd como a AD ofereceram amplo apoio à eleição de Jair Bolsonaro à Presidência da República em 2018, acompanhadas por outras denominações pentecostais, no rastro das propostas conservadoras apresentadas por ele. Nesse contexto, a bancada evangélica se fortaleceu como interlocutora do novo governo e ganhou representantes nos ministérios da Casa Civil (Onyx Lorenzoni) e da Mulher, Família e Direitos Humanos (pastora Damares Alves).

O guru da direita mundial, a internet e as bobagens que favorecem a Bolsonaro – A estratégia de Steve Bannon por trás das imbecilidades bolsonaristas – Steve Bannon e a equipe de marketing da extrema-direita brasileira, que trabalha para o governo Bolsonaro, conseguem usar a grande mídia, a mídia progressista, os influenciadores digitais e até a oposição para seus próprios interesses. Há uma articulação orquestrada para que, a cada dois ou três dias, um ministro de Bolsonaro ou membro do segundo escalão do governo, solte uma frase com imbecilidades bem planejadas e absurda, misturando religião, reacionarismo e cultura pop. Que mistura Beatles, demônio, Zumbi, maconha, calcinha, feminismo, rock, etc., etc., etc. A grande mídia, a mídia progressista, influenciadores digitais e a oposição fazem o papel de impulsionadores das mensagens imbecis. E reagem a essas mensagens com aquele aspecto de indignação. Com isso, a equipe que trabalha para a extrema-direita bolsonarista nem precisa usar recursos financeiros para promover um obscuro desconhecido ou mesmo para manter na mídia um ministro desqualificado e sem expressão. E mais: desvia a atenção das questões importantes para o País, dos erros e da incompetência política do governo.As frases são semelhantes e partem de uma lógica que se dissemina nas redes sociais: o absurdo e o politicamente incorreto juntos. Com certeza, há uma equipe trabalhando e fomentando essas informações. 

PSDB assumindo a direita
– Para atrair eleitores de Bolsonaro, PSDB abandona de vez os servidores – O PSDB escancara sua feição mais conservadora sob o comando do de João Doria. O congresso nacional do PSDB, no sábado (7), fará acenos ao eleitorado bolsonarista, além de ataques aos servidores públicos e a outros segmentos. Há maioria pró retrocessos como o pagamento de mensalidade em universidades públicas, a redução da maioridade penal para 16 anos e a possibilidade de demissão de servidores públicos. O partido também defenderá as reformas econômicas do governo Jair Bolsonaro como uma continuação da agenda dos governos tucanos. Mas terá um discurso firme em defesa da democracia e contra falas radicais, que flertam com a volta da ditadura. Dória, que lidera a marcha ainda mais à direita do PSDB, sente os impactos negativos sobre sua imagem por causa do massacre de Paraisópolis. 

Quem acredita em Bolsonaro? – Datafolha: 80% dos brasileiros desconfiam de declarações de Bolsonaro – Não chegam a 20% os crédulos, diz pesquisa Datafolha divulgada no sábado (7): 43% nunca confiam e 37% confiam às vezes em Bolsonaaro; só 19% confiam. A pesquisa também mostra que os brasileiros percebem mal as atitudes de Bolsonaro como presidente: 28% disseram que em nenhuma situação ele se comporta como um presidente deveria se comportar, e outros 28% afirmaram que, na maioria das vezes, ele se comporta de acordo com o cargo que ocupa. Já 25%, em algumas situações ele se comporta adequadamente, mas, na maioria, não. Outros 14% apoiam suas atitudes.