Resolução da 5ª Assembleia do Cebrapaz e a solidariedade internacional

No dia 7 de dezembro, em Salvador, a 5ª Assembleia do Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos e Luta Pela […]

No dia 7 de dezembro, em Salvador, a 5ª Assembleia do Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos e Luta Pela Paz (Cebrapaz) aprovou sua resolução política, que apresentamos agora aos lutadores e lutadoras sociais, especialmente aos ativistas pela paz mundial. Consulte e baixe o documento no fim do artigo.

Por Wevergton Brito Lima*

A resolução é fruto de todo um acúmulo teórico, político e prático do Cebrapaz que completou, no último dia 10 de dezembro, 15 anos de atividade. Durante o processo de mobilização e debates, o texto original foi enriquecido pela sabedoria coletiva, resultando em um documento abrangente e que, nos pontos essenciais, traz uma visão correta sobre os principais desafios da luta pela paz no mundo de hoje.

Ao mesmo tempo em que o imperialismo, decadente e por isso mais agressivo, aposta todas as fichas no incremento de sua máquina de guerra (guerra entendida em suas diversas formas, comunicacional, financeira, armada…) os povos saem às ruas, resistem e lutam.

Mas o que acontece em qualquer parte do mundo é compartilhado em segundos e a narrativa destes acontecimentos é fundamental para influenciar, alimentar e retro-alimentar tendências e comportamentos. O imperialismo entendeu perfeitamente esse fato e faz da cena geopolítica espaço privilegiado para a disputa de ideias.

Inúmeras vezes, lutas justas são manipuladas visando atingir fins nefastos que acabam sendo a negação do próprio motivo que originou a mobilização. Ou seja, mais do que nunca a solidariedade consequente entre os povos é atual e necessária, para evitar cair nas armadilhas dos senhores da guerra.

E o que é, para o Cebrapaz, a solidariedade consequente?

Consideramos que um elemento fundamental para resistir e vencer a poderosa máquina imperialista é a unidade. Sendo assim, oferecemos nossa solidariedade militante sempre tendo em vista ações convergentes.

Não influenciamos e nem somos influenciados pelas possíveis divergências internas que possam existir entre partidos e organizações que integram a resistência anti-imperialista em seus países. Nosso objetivo é contribuir para a máxima unidade da resistência em todos os países evitando tudo o que fomenta a divisão.

A política de não interferir nas polêmicas internas também se fundamenta no elementar raciocínio de que somos ativistas internacionalistas brasileiros, e nesta condição, não devemos ter a pretensão de querer “orientar” quem está no campo de batalha, vivenciando na pele suas contradições, dificuldades e potencialidades. Assim, ninguém melhor do que o próprio povo em luta para debater e determinar o melhor caminho da resistência em seus países, cabendo ao movimento de solidariedade internacional respaldá-lo e incentivar sua unidade.

É óbvio que isso não impede que cada internacionalista faça sua própria avaliação sobre erros e acertos na condução da luta de resistência de um determinado povo, do que estamos tratando aqui é da postura consequente da militância de solidariedade, principalmente da militância coletiva.

A defesa da unidade dos povos em luta contra o imperialismo é um eficaz antídoto para fugir de esparrelas lançadas pelos inimigos da paz e da soberania em busca de dividir e enfraquecer a resistência.

Mais do que nunca o internacionalismo de massas — com a bandeira da paz, da solidariedade aos povos e do anti-imperialismo — é atual e necessário.

É preciso, com as armas e as linguagens de hoje, voltar ao tempo em que a cultura internacionalista era parte integrante do dia a dia da luta popular.

Sem a noção de que, como nunca antes na história da humanidade, o mundo está conectado e as lutas locais são cada vez mais também lutas globais, continuaremos prisioneiros de interesses corporativos e paroquiais, caindo na arapuca da fragmentação e da divisão, tão ao gosto de quem quer semear xenofobia e alimentar preconceitos a serviço dos senhores da guerra.

No plano de ação aprovado em nossa 5ª Assembleia, anexo à resolução política, defendemos que o Cebrapaz esteja a serviço de “unir de forma ampla as diversas expressões deste rico movimento (do ativismo de solidariedade internacional no Brasil), formando, com as diversas nascentes, um caudaloso rio de bandeiras internacionalistas pela paz mundial e de solidariedade aos povos em luta”.

Agora sob a liderança do presidente Jamil Murad, sem qualquer sombra de dúvidas um dos principais baluartes do internacionalismo no Brasil, o Cebrapaz propõe-se prosseguir integrando e fomentando a ação unitária do movimento pela paz mundial em nosso país e esperamos que a resolução política da 5 a Assembleia seja um instrumento para a propaganda do internacionalismo anti-imperialista.

*Wevergton Brito Lima é jornalista e vice-presidente nacional do Cebrapaz

Fonte: Cebrapaz