Quem ganhou e quem perdeu

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Para não dizer que não falei de flores, vou começar pelos privilegiados.

Em primeiro lugar, segundo o IBGE, os bancos foram os mais agraciados. O Santander obteve lucro de 52,13%, O Bradesco 30,2%, o Banco do Brasil 16,81%, enquanto o crescimento do país está estimado em 0,9%.

O juro do cartão de crédito chegou a 298,8%. Aos rentistas, fundos de investimentos, bancos, credores da dívida pública, o governo faz questão de pagar em dia, e para isso promove cortes e mais cortes na educação, saúde, pesquisa científica e meio ambiente, promove demissões, rebaixa salários. Tudo em nome do tal “ajuste fiscal”.

Como se a desgraça fosse pouca, promove a maior venda de todos os tempos de praticamente todas as empresas brasileiras, desde os mais ricos poços petrolíferos, refinarias, outras empresas da Petrobras, energéticas, aeroportos, e outras. Tudo baratinho, baratinho; sob alegação de que o país está quebrado e só se levanta com investimento estrangeiro que, como cabelo em ovo, ninguém vê.

Os queridinhos do agronegócio, incentivados, fizeram um arraso, desmatando, ateando fogo, assassinando indígenas, agraciados com liberação de armas em suas propriedades sob alegação de defesa da propriedade, além da liberação para utilização de mais de 400 tipos de venenos, perdão das dívidas do FGTS, e outras regalias. Para completar a alegria do setor que apoiou e bancou Bolsonaro, agora estão sorrindo de orelha a orelha com o preço da carne que subiu cerca de 50%.

Para o setor industrial que colocou um pato em frente da Fiesp em todas as manifestações na  avenida Paulista, agraciou destruindo quase por completo o Ministério do Trabalho e o que ainda restava de direitos dos trabalhadores.Iisenção de multas na demissão, o tal emprego verde e amarelo, que vai deixar ainda mais amarelos os que serão substituídos e os que assumirem com baixos salários e muito menos direitos. Completando a festança com a aprovação da “nova” Previdência que vai impedir a aposentadoria de milhões de trabalhadores. Desempregados, os que vivem no subemprego e outros tantos profissionais liberais que terão pouca possibilidade de pagar pela aposentadoria. O objetivo principal da reforma é propiciar aos bancos e empresas financeiras a venda de milhões de títulos de aposentadoria privada, como aconteceu no Chile, país que hoje tem um dos maiores índices de suicídio de idosos do mundo. Além de tudo isso, a promessa de acabar com os privilégios ficou só na propaganda enganosa, que o digam os militares de alta e média patente que viram seus privilégios aumentarem.

Apenas citando os principais golpes contra o pais e o povo, o resultado foi maior concentração de renda. Hoje 1% de ricos concentram 28,3% da renda total do país, a 2ª maior concentração do mundo. Um crescimento de 8,4%, e uma queda 3,2% para aos mais pobres.

Mas não foram apenas os prejuízos citados acima; 

Dados do IBGE apontam que os que vivem na pobreza extrema atingiu 6,5% da população.  Cerca de 15,2 milhões tentando sobreviver com apenas R$ 140,00/mês e 104 milhões de brasileiros (metade da população) com cerca de R$ 413,00/mês. Bolsonaro ainda teve o desplante de dizer que fome no Brasil é fake news.

Seus ministros, certamente seguindo suas diretrizes, acharam poucas as maldades. O da Educação promoveu cortes drásticos de recursos e o sucateando as universidades, cortou bolsas de graduação e pós-graduação, inviabilizando pesquisas, acabou com o rendimento das carteirinhas estudantis emitidas pela UNE e Ubes, destratou reitores e professores, entidades da área da cultura, profissionais e artistas. Para coroar toda essa imbecilidade o próprio Bolsonaro classificou Paulo Freire, um dos maiores ícones da Educação, reconhecido mundialmente como “energúmeno”.

O ministro do Trabalho acabou com o desconto sindical obrigatório para quebrar os sindicatos e impedir que os trabalhadores pudessem se defender dos patrões, além de vários cortes de direitos.

O ministro do Meio Ambiente praticamente inviabilizou o Ibama, o Inpe e outros órgãos de fiscalização, sinalizando a grileiros, garimpeiros e outros foras da lei que desmataram e atearam fogo a vontade, como no “dia do fogo”, atingindo níveis recordes na Amazônia e outras regiões.

O ministro das Relações Exteriores,  que deveria cuidar da imagem e dos interesses do país, ameaça países irmãos, participa da articulação de golpes de estado, reconhece usurpadores não eleitos, cria dificuldades com países parceiros. O próprio Presidente vai na mesma linha, paparicando Trump que, em troca, sobretaxou o aço e o alumínio brasileiros, destratou autoridades francesas e, recentemente, até uma adolescente mundialmente reconhecida como defensora do meio ambiente.

Isso apenas para citar as principais aberrações cometidas quase que diariamente pelo o staff governamental.

Mas é preciso dizer que apesar de tantas loucuras e maldades, parcelas importantes das instituições brasileiras, assim como da população mais abastada, outros equivocados e despolitizados, ainda dão sustentação a esse governo, justamente os que participaram e deram apoio ao golpe. Os que infelizmente ainda tem concepções conservadora e retrógradas, resquícios do regime escravocrata que odeia e discrimina pobres, pretos e minorias. Os quen defendem a tal política do “livre mercado”, chamada de neoliberal, que onde foi implantada arrasou países, como no Chile, na Argentina, na Grécia, no México e outros.

Mais importante é deixar bem claro, e as pesquisas confirmam, que a grande maioria da população brasileira não aprova esse governo, muito menos suas irracionais e prejudiciais atitudes. Deixar bem claro que mais cedo do que imaginam os que acidentalmente, e na malandragem das fake news e caixa 2, chegaram ao poder, que o povo brasileiro já enfrentou situações bem piores, inclusive no período da ditadura militar que infelicitou este país por 21 anos, e fez valer sua dignidade, a clareza do certo e do errado, sua bravura em defender seus direitos e reconstruir a pátria.

Saibam que os brasileiros saberão resgatar a digna e valiosa imagem do Brasil no exterior, construída por dignos brasileiros como Pelé, Airton Senna, Paulo Freire e tantos outros.

Saibam que, assim como os alemães reconstruíram a Alemanha depois de Hitler, reconstruiremos também o Brasil.  E assim como disse o poeta, faz escuro mais cantamos, porque temos absoluta convicção que o amanhã de progresso e liberdade virão, radiante se belos.

Boas Festas a todos.

Aluisio Arruda  é jornalista, arquiteto, urbanista e membro do PCdoB-MT

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