Governo cede e pressiona, mas greve na França deve continuar

O governo francês afirmou neste domingo (12) que, depois de retirar a medida mais controversa de sua “reforma” previdenciária, “não há razão” para continuar a greve que paralisa o país há cinco semanas.

“Não há razão para esse movimento de greve continuar. Foi alcançado um compromisso com as organizações sindicais que dialogam, e todo mundo quer voltar a uma vida mais fácil”, afirmou a ministra da Transição Ecológica, Elisabeth Borne, também responsável pelos Transportes.

Na negociação com os trabalhadores, o governo cedeu e retirou “provisoriamente” no sábado (11) a medida mais controversa de sua “reforma”, que previa aumentar a idade mínima para uma aposentadoria integral de 62 para 64 anos.

O anúncio, feito pelo primeiro-ministro Édouard Philippe. “Não há razão para esse conflito continuar: havia pré-condições, essas pré-condições foram aceitas”, disse o ele numa entrevista.

Nas últimas semanas, o governo fez uma série de concessões para policiais e militares, bem como para os pilotos e controladores de tráfego aéreo, permitindo que eles continuem se aposentando mais cedo.

Após o anúncio de Philippe, a principal central sindical, a CGT, advertiu que está “mais determinado do que nunca” a conseguir a retirada total do projeto.

Mas outra central, a CFDT, a maior da França, e favorável ao sistema universal por pontos, assim como a Unsa e a CFTC, declararam-se dispostas a continuar negociando após a retirada da idade mínima.

A “idade de referência” bloqueava negociações com a CFDT, favorável às linhas gerais da reforma, mas contra a fixação da marca dos 64 anos de idade. O motivo considerado seria de que aumentar os anos trabalhados para equilibrar as contas significaria misturar critérios financeiros com a necessária — segundo o sindicato — refundação do sistema.

No sábado, a CGT e outros organizações sindicais convocaram uma nova manifestação para a próxima quinta-feira, 16 de janeiro, pela sexta vez desde o início da greve, em 5 de dezembro.

Após 39 dias de greve ininterrupta, a paralisação nos transportes ferroviários é a mais longa desde a criação da companhia ferroviária francesa SNCF, em 1938. etrô.

Os ônibus e as poucas linhas de metrô que funcionam estão lotadas. Muitos parisienses precisam ir trabalhar ou estudar de bicicleta ou a pé.

Com agências