PC da Espanha: “encaramos o futuro com otimismo e responsabilidade”

Participando do governo pela primeira vez desde que a heroica república espanhola foi derrubada pelo fascismo em 1936, o Partido […]

Participando do governo pela primeira vez desde que a heroica república espanhola foi derrubada pelo fascismo em 1936, o Partido Comunista da Espanha (PCE) emitiu, neste domingo (12), uma nota oficial, assinada pelo secretário-geral Enrique Santiago, onde comenta a participação do partido no governo em dois ministérios (Trabalho e Consumo), e informa que os comunistas estão “conscientes de todos os desafios e dificuldades que enfrentaremos perante uma direita e uma ultra-direita que, juntas, não aceitam a derrota e têm aliados poderosos dentro e fora de nosso país, tentando deslegitimar o acordo do governo de coalizão das forças progressistas, tendo até apelado ao Exército para intervir e impedir a formação deste governo”. Leia, abaixo, a íntegra da nota.

Madrid, 12 de janeiro de 2020

Em 7 de janeiro de 2020, como resultado das conversas políticas realizadas entre as forças de esquerda e progressistas após as últimas eleições legislativas de 10 de novembro, o Parlamento concordou em indicar como Presidente do Governo da Espanha o candidato Pedro Sánchez, do PSOE, e, assim, colocar em marcha um governo de coalizão composto pelo PSOE e Unidas-Podemos.

O resultado das eleições gerais de abril de 2019 e das eleições subsequentes de novembro de 2019 redundou em uma maioria para os partidos de esquerda e progressistas, embora também tenha registrado um crescimento ameaçador da extrema direita, que obteve uma representação de 52 deputados no congresso.

Por fim, foi formado um governo que será presidido pelo candidato do Partido Socialista (PSOE), Pedro Sánchez, e no qual a Unidas-Podemos teremos quatro ministérios – Trabalho, Igualdade, Universidade e Consumo – e a Vice-Presidência do Governo para políticas sociais, responsabilidade desempenhada pelo candidato da Unidas-Podemos à Presidência do Governo, o companheiro Pablo Iglesias.

Este governo também será integrado por militantes do Partido Comunista da Espanha (PCE), um partido que faz parte da Unidas-Podemos através da Esquerda Unida. Camarada Yolanda Díaz assumiu o Ministério do Trabalho, e nosso camarada e Coordenador Federal da Esquerda Unida, Alberto Garzón, assume o Ministério do Consumo. Será a primeira vez que a esquerda transformadora e os comunistas estão no governo desde o golpe contra a Segunda República Espanhola em 1936, e após a longa noite da ditadura de Franco e a transição para a democracia.

A situação em que estávamos, de crise de governabilidade, consequência da corrupção desenfreada dentro do partido de direita, o Partido Popular (PP), e das políticas cada vez mais neoliberais aplicadas em nosso país pelos dois partidos políticos, PP e PSOE, que governou sucessivamente após a morte do ditador. As políticas neoliberais levaram a Espanha a uma crise econômica e social muito séria de longa duração, crise usada para realizar reformas através das quais os direitos e liberdades da classe trabalhadora que haviam sido conquistados durante longos anos de luta foram consideravelmente reduzidos.

Hoje encaramos o futuro com otimismo e responsabilidade, conscientes de todos os desafios e dificuldades que enfrentaremos perante uma direita e uma ultra-direita que, juntas, não aceitam a derrota e têm aliados poderosos dentro e fora de nosso país, tentando deslegitimar o acordo do governo de coalizão das forças progressistas, tendo até apelado ao Exército para intervir e impedir a formação deste governo.

Temos muitos desafios diante de nós. O PCE continuará a trabalhar pela defesa dos direitos dos trabalhadores e dos direitos sociais, em defesa dos serviços públicos, da igualdade entre homens e mulheres, em defesa da paz e da solidariedade com todos os povos do mundo e em favor de alternativas ao capitalismo e ao neoliberalismo que levem nossos povos a uma sociedade mais justa.

Enrique Santiago

Secretário Geral do Partido Comunista da Espanha