O operário que matou um presidente dos EUA e recebeu a pena de morte

Antes de ser eletrocutado, Czolgosz declarou: “Eu matei o presidente porque ele era um inimigo do povo bom – do povo trabalhador”

Leon Czolgosz, o operário anarquista condenado à morte depois de assassinar o presidente William McKinley

O Serviço Secreto dos Estados Unidos foi fundado no ano de 1865. Sua missão principal era combater o crime de falsificação, em uma época em que – estima-se – 1/3 do dinheiro em circulação no país era falso. Em 1901, no entanto, a missão da instituição seria radicalmente alterada.

Na presidência, William McKinley, do Partido Republicano, havia acabado de garantir seu segundo mandato, nas eleições de 1900. McKinley era um continuador do expansionismo norte-americano, tendo levado o país a intervir em Cuba em 1898. A Guerra Hispano-Americana durou dez semanas e garantiu aos Estados Unidos o domínio sobre a ilha considerada como “fronteira natural” do país desde o começo do século 19.

Foi também sob seu governo que os Estados Unidos tomaram Porto Rico, Filipinas, Guam e as Ilhas Virgens do controle espanhol, além de anexarem o Havaí e a Samoa Americana. O país também havia feito parte de uma aliança de oito nações que combateu a Revolta dos Boxers na China. De acordo com Moniz Bandeira, foi em 1898 que “os Estados Unidos, sob a presidência de William McKinley (1897-1901), assumiram a condição de país imperialista”.

McKinley havia sido eleito na esteira do “Pânico de 1893”, um período de forte depressão econômica nos Estados Unidos que durou até 1897. Para enfrentá-lo, adotou uma estratégia protecionista, levantando barreiras tarifárias para proteger a economia norte-americana.

Mas a classe operária não estava satisfeita. Na tarde do dia 6 de setembro desse ano, o presidente subiu as escadas do “Temple of Music” (Templo da Música), na cidade de Buffalo, onde desde maio ocorria a Exposição Pan-Americana. O secretário pessoal do presidente, George Cortelyou, estava preocupado. Um ano antes, o Rei Umberto I, da Itália, havia sido assassinado pelo anarquista Gaetano Bresci. Cortelyou, com medo de que algo do tipo ocorresse, havia tentado por duas vezes cancelar o discurso público do presidente, que insistiu em fazê-lo. Cortelyou estava certo.

Por volta das 16h07, o operário anarquista Leon Czolgosz se aproximou do presidente, com um revólver escondido debaixo de um lenço branco, e atirou duas vezes contra seu abdômen.

O operário esquecido

Czolgosz nasceu no estado de Michigan em 1873. Filho de pai polonês e mãe alemã, teve de trabalhar desde cedo. Trabalhou por alguns anos em uma fábrica de arame em Cleveland e, em 1893, participou das greves em sua fábrica, após os salários serem reduzidos. Demitido e tendo seu nome posto numa lista negra, Czolgosz posteriormente conseguiu trabalho usando o nome “Fred Nieman” (do alemão “Niemand”; “ninguém”).

De família católica, o operário fez parte do grupo de ajuda mútua Knights of the Golden Eagle. Tornou-se cada vez mais interessado pelo anarquismo, tendo encontrado a famosa teórica anarquista Emma Goldman em 12 de julho de 1901 (após ser perseguida, Goldman escreveria um artigo em homenagem a Czolgosz). Mas as atitudes de Leon fizeram com que os editores do jornal Free Society suspeitassem do operário. No dia 1 de setembro daquele ano, um aviso no jornal aconselhava cuidado com o “espião”.

A morte e a morte

Após seu encontro com Czolgosz, o presidente McKinley foi imediatamente levado ao hospital. Seu estado de saúde estava estabilizado – até que, sete dias após o atentado, sua saúde deteriorou. No dia 14, McKinley morreu. Czolgosz foi a julgamento no dia seguinte, confessando o crime e sendo sentenciado à morte. No dia 29 de outubro, foi eletrocutado. Suas últimas palavras foram: “Eu matei o presidente porque ele era um inimigo do povo bom – do povo trabalhador”.

O corpo do operário foi coberto de ácido sulfúrico. O do presidente viajou o país a trem, com centenas de soldados marchando em sua homenagem. Sobre a cadeira presidencial sentou-se Theodore Roosevelt. Na elétrica, o próximo “ninguém”.

Fonte: Revista Opera

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