PCdoB defende ampla e imediata resposta ao golpismo de Bolsonaro
Atitude do presidente da República de incitar ato contra o Congresso Nacional atenta contra a democracia e a Constituição.
Publicado 26/02/2020 01:22 | Editado 26/02/2020 16:20

A presidenta do Partido Comunista do Brasil (PCdoB), Luciana Santos, considerou gravíssima a atitude do presidente da República, Jair Bolsonaro, de chancelar seu apoio a um ato contra o Congresso Nacional, marcado para o dia 15 de março.
O ato contra a democracia já estava sendo veiculado por seus apoiadores. O presidente apoiou a convocação nas redes sociais e divulgou um vídeo se apresentando como salvador da pátria.
Na semana passada, em cerimônia no Palácio do Planalto, o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno, chamou o Congresso de “chantagista” e pediu para o “povo” ir às ruas contra o parlamento, atitude que incentivou a convocação do ato de 15 de março.
Batalha das ruas
Para Luciana Santos, a ameaça de Bolsonaro e sua pregação continuada contra a democracia mostra que suas atitudes não são mera retórica. Esse episódio é uma prova inconteste de que Bolsonaro vai testando os limites no rumo de impor uma mudança de regime no país, avalia.
Diante dessa ameaça real, afirma a presidenta do PCdoB, são imperativas a tomada de posição e a união de todas as lideranças dos partidos que prezam a democracia, independente de matizes ideológicas e eventuais divergências políticas.
Luciana Santos orientou a liderança do PCdoB na Câmara dos Deputados e toda a bancada a empreender intensa mobilização para agregar e pôr em ação um amplo leque de parlamentares em defesa da democracia.
A presidenta do PCdoB fez contato com o fórum dos partidos de esquerda para propor uma reunião, o mais breve possível, com convite extensivo a todos partidos que se opõem ao ataque ao Poder Legislativo.
Luciana Santos também avalia que os governadores vêm desempenhando papel importante na defesa da institucionalidades e são fundamentais nesse momento. Ela tem mantido contato constante com Flávio Dino, governador do Maranhão, um dos líderes dessa tomada de posição dos governadores.
A presidenta do PCdoB considera também que a batalha das ruas, a mobilização povo, é outra questão chave. Para ela, as entidades dos movimentos sociais e sindical devem organizar uma ampla mobilização popular em defesa da democracia. Ela está em conversações com lideranças desses movimentos para contribuir com a busca de uma ação unitária.
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Ex-presidentes
A gravíssima atitude do presidente objetivamente tem um conteúdo de ruptura com o regime democrático e põe em risco a democracia.
Nesse tom, reagiram três ex-presidentes da República: Fernando Henrique Cardoso (FHC), Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff.
Segundo FHC, o país está “com uma crise institucional de consequências gravíssimas”. “Calar seria concordar. Melhor gritar enquanto se tem voz, mesmo no Carnaval, com poucos ouvindo”, afirmou.
“É urgente que o Congresso Nacional, as instituições e a sociedade se posicionem diante de mais esse ataque para defender a democracia”, disse Lula.
Dilma Rousseff asseverou que Bolsonaro e o general Heleno estão atentando descaradamente contra a Constituição e a democracia. “Torna-se urgente e necessária forte resposta das instituições ou o país mergulhará, mais uma vez, na escuridão das ditaduras”, alertou.
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Posição firme
O governador do estado Maranhão, Flávio Dino, também se pronunciou com contundência. Ele considerou o caso “extremamente grave” e lembrou que “coação constitui crime de responsabilidade”.
Deputados e deputadas da bancada do PCdoB igualmente responderam com firme à ameaça de Bolsonaro. Vários parlamentares de outras legendas também se posicionaram com veemência – entre eles os senadores Renan Calheiros (PMDB-AL), Humberto Costa (PT-PE), Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e Weverton Rocha (PDT-MA).
O líder da oposição na Câmara, Alessandro Molon (PSB-RJ), propôs uma reunião de emergência entre os presidentes da Câmara e do Senado, e líderes dos partidos. “Temos que parar Bolsonaro! Basta! As forças democráticas deste país têm que se unir agora. Já! É inadiável uma reunião de forças contra esse poder autoritário. Ou defendemos a democracia agora ou não teremos mais nada para defender em breve”, disse Molon.
A líder da Minoria na Câmara dos Deputados, Jandira Feghali (PCdoB-RJ), enviou mensagem a Rodrigo Maia pedindo uma posição firme em defesa do Poder Legislativo. “Não dá pra encarar mais essa atitude do presidente como algo menor ou isolado”, disse ela.
Da redação, com informações de agências