Bolsonaro desrespeita isolamento, volta às ruas e ouve panelaços
Se o presidente ouviu críticas e protestos de populares um dia antes, na Sexta-Feira Santa não foi diferente
Publicado 10/04/2020 12:53
Em mais uma demonstração de irresponsabilidade e descaso, o presidente Jair Bolsonaro voltou a andar nesta sexta-feira (10) por áreas comerciais e residenciais de Brasília. Apesar de orientações das autoridades sanitárias de que a população mantenha o isolamento social, em decorrência da pandemia de coronavírus, Bolsonaro foi ao Hospital das Forças Armadas (HFA), a uma farmácia no setor Sudoeste e a um prédio residencial.
Os compromissos não constavam da agenda presidencial. Segundo a assessoria de imprensa do Planalto, Bolsonaro estava acompanhado do ministro da Defesa, Fernando Azevedo – que, a exemplo do presidente, está no grupo de risco para a Covid-19, por ter mais de 60 anos. A assessoria informou que, no HFA, Bolsonaro se encontrou com o corpo técnico da unidade, mas não deu detalhes da visita.
Na quinta-feira (9), Bolsonaro já havia contrariado o isolamento social ao se dirigir a uma padaria na Asa Norte de Brasília, onde abraçou apoiadores e comeu no local. Decreto do governo do Distrito Federal permite o funcionamento de padarias, mas proíbe que seja fornecida a comida para consumo no estabelecimento. Além disso, a agenda contraria as orientações da OMS (Organização Mundial da Saúde) e do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, que defendem o isolamento.
Nesta sexta, tanto na farmácia quanto no prédio, apoiadores se juntaram para ver o presidente, também contrariando a orientação de se evitarem aglomerações. Bolsonaro chegou a pegar na mão de alguns deles. Se o presidente ouviu críticas e protestos de populares um dia antes, na Sexta-Feira Santa não foi diferente. Houve pessoas que bateram panelas nas janelas e gritaram palavras de ordem em repúdio à sua postura.
Jornalistas que acompanharam a saída do presidente pela cidade questionaram Bolsonaro sobre o que ele foi fazer no hospital, mas ele não respondeu. Ele tampouco se pronunciou sobre os panelaços da manhã. A certa altura, irritado com as contestações, ele tergiversou: “Eu tenho o direito constitucional de ir e vir. Ninguém vai tolher minha liberdade de ir e vir”
O Ministério da Saúde do próprio governo Bolsonaro, seguindo a OMS, ressalta diariamente a necessidade de as pessoas ficarem em casa e não saírem, a não ser para alguma atividade essencial. A medida é fundamental, conforme as autoridades, para desacelerar a contaminação por coronavírus e aliviar o impacto sobre o sistema de saúde.
Com informações do G1 e do Estadão
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