Vladimir Ilitch Lenin, de Maiakowski

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Neste 22 de abril, comemoramos os 150 anos do nascimento de Vladimir Ilitch Ulianov – mais conhecido como Lenin – o grande líder da Revolução Russa. Em sua homenagem, seguem alguns extratos do Poema “Vladimir Ilitch Lenin”, escrito pelo maior poeta russo – Vladimir Maiakowski –, no ano de 1924, sob o impacto de sua morte, ocorrida em 21 de janeiro daquele ano. A tradução foi feita diretamente do russo por Zoia Prestes – filha de Luiz Carlos Prestes e Maria Prestes –, em edição da Editora Anira Garibaldi e da Fundação Maurício Grabois (FMG).

“Vladimir Ilitch Lenin”

É hora

inicio

a história de Lenin (…)

é hora

porque uma tristeza brusca

virou uma dor

clara e consciente (…)

Não devemos nos derramar

em poças de lágrimas, –

Lenin

ainda

está mais vivo do que os vivos

É nosso saber –

nossa força e arma. (…)

Ele

nutria

pelo companheiro

um carinho humano.

Ele

se erguia

contra o inimigo

mais firme que ferro (…)

As revoluções aumentam

após explosões dos levantes. (…)

Estraçalhadas por terriers,

uivando e gemendo,

as sombras dos tataravós

comunardos de Paris

agora também

resmungam e

m parede parisiense: –

Ouçam, camaradas!

Vejam irmãos! (…)

Em um único punho

reúnam

a classe operária. (…)

Haverá

um líder

semelhante a nós –

mais simples que o pão,

mais direto que os trilhos. (…)

O socialismo é o objetivo.

O capitalismo é o inimigo.

Não é a vassoura

a arma é o fuzil.

Mil vezes

a mesma coisa

ele prega

no ouvido surdo

e amanhã

cada um erguerá

as mãos

que entenderam as duas.

Ontem foram quatro

hoje são quatrocentos.

Escondemo-nos

mas amanhã

vamos de peito aberto,

e esses quatrocentos

serão mil.

Com trabalhadores do mundo

levantaremos em rebelião (…)

Batia

em Lenin

a classe obscura

fluía

dele

para o esclarecimento,

e, envolto

na força e

nas ideias

das massas

com a classe

Lenin

cresceu.(…)
Aos cem milhões de camponeses O proletariado é guia. Lenin – É líder do proletariado. (…)

Quero

fazer brilhar novamente

a majestosíssima palavra

“Partido”.

Uma unidade!

quem dela precisa?! (…)

O Partido

é

um furacão único,

prensado de vozes

baixas e finas,

ele

rompe

os reforços do inimigo,

como

os tímpanos

no bombardeio. (…)

O Partido –

é uma mão de muitos dedos,

cerrada

num único

punho ameaçador. (…)

O Partido

é

um milhão de ombros

um a um

unidos estreitamente.

Elevaremos ao céu

as fileiras

do Partido,

apoiando

e levantando uns aos outros.

O Partido –

é a espinha dorsal da classe trabalhadora.

O Partido –

é a imortalidade de nossa causa. (…)

O cérebro da classe,

a causa da classe –

eis o que é o Partido.
O Partido e Lenin –

são irmãos gêmeos –

quem é

mais valioso do que a mãe-história?

Dizemos Lenin –

subentendemos –

Partido,

Dizemos Partido,

subentendemos –

Lenin. (…)

Vejo um dia de rebeliões novas.

A classe operária

se levantará.

Não é defesa –

é ataque. (…)

Lenin c

om um punhadinho de camaradas

levantou-se sobre o mundo

e nos ergueu

as idéias

mais claras

do que qualquer incêndio,

a voz

mais alta

do que as canhonadas. (…)

Basta!

Transformemos

a guerra dos povos

em guerra civil!

Basta

de destruições,

mortes e feridas,

as nações

não têm

culpa alguma.

Contra

a burguesia de todos os países

levantaremos

a bandeira

da guerra civil! (…) –

O povo rompeu
os grilhões tsaristas,

Rússia em tempestade,

Rússia em tormenta (…)

E novamente

o vento fresco,

forte

as ondas

da revolução

levantou em espuma (…)

“Lenin está conosco!

Viva Lenin!” –

Camaradas! (…)

Viva

o levante

pelo poder aos Sovietes! –

Pela primeira vez (…)

Levantou-se

como um negócio simples,

a palavra inalcançável –

“socialismo”. (…)

Levantou-se

a comuna de trabalhadores

do amanhã –

sem os burgueses,

sem os proletários,

sem escravos e senhores. (…)

vinte e cinco,

dia primeiro.

Com baionetas

agitam-se

os estrondos de relâmpagos,

os marinheiros

com bombas brincam

como se fossem bolas. (…)

Poder aos Sovietes!

Terra aos camponeses!

Paz aos Povos!

Pão aos famintos! (…)

“Paz às cabanas,

guerra, guerra,

guerra

aos palácios!”

(…) Vamos ensinar até mesmo

a toda cozinheira

a administrar o Estado! (…)

“Com coragem ao combate

Pelo poder dos Sovietes

E cada um há de morrer

Na luta por essa causa!” (…)

O golfo

indicado por Lenin

é profundo

e o ponto

de articulação-atracação

foi encontrado

E suavemente no mundo,

para a construção do dique,

entrou

o colosso das repúblicas Soviéticas.

E Lenin

em pessoa,

o ferro,

o tronco

carregou

para abrir

o caminho.

Com lâminas de aço

levantou

e mediu

as cooperativas

as bancas

e as empresas.

e novamente

Lenin

é o comandante (…)

Comuna –

cem anos,

o que lhe são dez dias?

Em frente (…)

nos moveremos

cem vezes mais lentos,

porém,

mil vezes mais resistentes e fortes. (…)

o proletariado – é vencedor,

E Lenin o organizador da vitória. (…)

entre os iguais

era o primeiríssimo (…)

Os países se levantam

um após o outro –

a mão de Ilitch
indicou certo:

Povos –

negro,

branco

e colorido – formam-se

sob a bandeira da Comintern. (…)

de repente

uma notícia terrível (…)

Faleceu o camarada Lenin! (…)

sobre as chaminés

do monstruoso arvoredo

as mãos

de milhões

de hastes inclinadas

de bandeira vermelha

a Praça Vermelha

sobe

levanta-se com arranque forte

Dessa bandeira

de cada dobra

novamente vivo

Lenin conclama:

– Proletários

formem-se

para a última batalha!

Escravos,

endireitem,

as colunas e os joelhos!

Exército dos proletários,

levante-se esguio!

Viva a revolução

radiante e veloz!

Essa

é a única

grande guerra

de todas

Que a história já viveu.

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