Trump e pandemia deixam EUA perto de nova onda de pessoas sem teto

Enquanto partidos discutem o montante de segundo pacote, o auxílio emergencial para quem ficou desempregado expirou no fim de julho

Os Estados Unidos lideram os casos de Covid-19 no mundo: mais de 5 milhões confirmados e cerca de 163 mil mortes. Em meio à propagação da epidemia – que causa sérios danos à economia norte-americana –, o Congresso não consegue chegar a um acordo sobre um novo pacote de estímulo.

Após a aprovação de um plano de US$ 2 trilhões em março, a maioria democrata na Câmara dos Representantes aprovou um segundo pacote de US$ 3,4 trilhões. Mas os republicanos, maioria no Senado, propuseram gastos de apenas US$ 1 trilhão.

Foram mais de dez reuniões entre Nancy Pelosi (líder democrata na Câmara), Chuck Schumer (líder da minoria democrata no Senado), Mark Meadows (chefe de gabinete de Trump) e Steven Mnuchin (secretário do Tesouro dos EUA). Todas sem acordo. No sábado (8), a três meses das eleições, o presidente Donald Trump assinou quatro ordens executivas, numa tentativa desesperada de mostrar que tem controle sobre a recessão e a pandemia.

Enquanto os partidos discutem o montante do pacote, o auxílio emergencial para quem ficou desempregado expirou no fim de julho. Dezenas de milhares de famílias perderam essa renda, que estava ajudando a pagar aluguel e comida – além de movimentar a economia como um todo.

Com 16 milhões de desempregados, o país espera agora uma onda de pessoas sem teto. Segundo o Departamento de Trabalho dos EUA, a taxa de desemprego chegou a 10,2%. Essa população estava recebendo um auxílio de US$ 600 por semana do governo federal graças ao primeiro pacote de emergência contra a crise.

No sábado, Trump assinou uma ordem dizendo que os desempregados passariam a receber US$ 400, sendo US$ 300 pagos pelo governo federal e $ 100 pelos governos estaduais. Esse foi um dos pontos que causou críticas dos governadores, pois as receitas dos estados despencaram com a crise. As medidas de Trump devem gerar várias ações na Justiça, já que o orçamento do governo federal é de responsabilidade do Congresso, não do presidente.

Trump também assinou projetos para impedir despejos e suspender impostos sobre a folha de pagamentos, entre outras medidas para atenuar os efeitos da crise. Mas ficaram de fora algumas propostas que provocam um debate acirrado entre os partidos. Entre elas estão a ajuda a pequenos negócios, para escolas, estados e cidades, que são cruciais para recuperar a economia.

O aumento de casos de Covid-19 ocorre principalmente no sul dos EUA, conforme os Centros para Prevenção e Controle de Doenças. Segundo o jornal New York Times, o número de infectados cresce em sete estados e diminui em 17. Na semana passada, Louisiana, Mississipi e Flórida registraram a maior proporção de casos novos da doença. As contaminações giram em torno de 54 mil por dia.

Com informações da RFI

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