Congresso já tem 52 pedidos de impeachment contra Bolsonaro

Segundo Perpétua Almeida, partidos de oposição continuam a insistir na abertura do processo

Com um pedido protocolado nesta quarta-feira (12) pela Coalizão Negra por Direitos, há agora 52 processos de impeachment contra o presidente Jair Bolsonaro esperando a avaliação do Congresso. A oposição admite que o clima para afastamento esfriou por causa da aliança com o Centrão e do freio nos ataques aos outros Poderes.

O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), tem mantido os pedidos na gaveta. Recentemente, ele passou a dizer que não vê motivos para autorizar o início desse julgamento pelo Congresso.

Os pedidos feitos até agora tratam de temas diversos – da participação em manifestações durante a pandemia a acusação o ex-ministro da Justiça Sergio Moro de tentativa de interferir na Polícia Federal para preservar aliados das investigações. A primeira petição pendente é de março de 2019, sob o argumento de quebra de decoro ao publicar “vídeo com forte conteúdo pornográfico, a pretexto de crítica ao carnaval” (o episódio do “golden shower”).

Apenas quatro pedidos de afastamento são de 2019 – os demais foram apresentados este ano. Mais de 50% das petições ocorreram em meio à pandemia, devido, sobretudo, à postura do presidente em não defender o isolamento e recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS) contra a Covid-19. É o caso do pedido da Coalizão Negra por Direitos. Março teve o recorde de solicitações (14), seguido por abril (13) e maio (10).

Há duas semanas, Maia afirmou, em entrevista, que arquivará todos esses pedidos, mas que não fez isso até agora porque caberia recurso ao plenário contra essa decisão, o que tiraria o foco da Covid-19. Segundo a líder do PCdoB, deputada Perpétua Almeida (AC), os partidos de oposição reclamaram com ele dessa posição e continuam a insistir na abertura do processo.

“Quando ele respondeu que não tinha crime para impeachment, dissemos para ele que ele não leu os pedidos que fizemos. Podia até dizer que é uma combinação de fatores, mas crime há”, disse.

Entre deputados da oposição e governistas, há a avaliação de que não há força para que um pedido desses prospere hoje. Bolsonaro formou aliança com parte do Centrão, liderada por PP, PL, PSD e Republicanos, que garantiu mais dos que os 171 votos necessários para barrar um processo.

O presidente ainda afastou aliados do grupo mais “ideológico” e fez pontes com o mundo político. A última troca, nesta quarta, foi do líder do governo na Câmara, Vitor Hugo (PSL-GO), por Ricardo Barros (PP-PR).

O líder da minoria no Congresso, o deputado Carlos Zarattini (PT-SP), admite que o clima para impeachment “amainou”, mas ele acredita que a pressão ressurgirá em breve. “O Bolsonaro parou de confrontar os Poderes, o que reduziu a tensão”, diz. “Mas o assunto vai voltar quando voltarem os movimentos de rua. E, quando voltar, estará mais forte, com 20 milhões de desempregados e uma situação econômica caótica.”

Com informações do Valor Econômico

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