Deputado condena uso de verbas do Fundeb em Renda Brasil:”Estupidez”

Projeto do Governo quer destinar recursos do Fundeb para substituto do Bolsa Família. Com isso, Bolsonaro espera manter a popularidade para sua reeleição

(Foto: PCdoB)

Vice-líder da bancada do PCdoB na Câmara, o deputado federal Márcio Jerry (MA) reagiu nesta terça-feira (29) ao anúncio de que o governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) pretende usar parte dos recursos do novo Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb) e de precatórios para bancar o novo programa social que substituirá o Bolsa Família.

O parlamentar classificou como “estupidez administrativa” a ideia de retirar fundos de uma área essencial ao desenvolvimento do país para destinar a outra igualmente importante.

“Políticas de proteção social são necessárias e urgentes no Brasil. Contudo, querer bancar isso retirando recursos da educação é um absurdo e uma imensa estupidez administrativa. Bolsonaro quer tirar 5% do Fundeb que recentemente aprovamos no Congresso Nacional. Não aceitaremos”, garantiu.

Jerry ainda acusou o mandatário brasileiro trabalhar contra os mecanismos criados pelo Congresso para resguardar a população mais carente dos efeitos da grave crise econômica que assola o Brasil e o mundo. O Fundeb é, atualmente, o principal mecanismo de financiamento da educação no país.

“Para Bolsonaro, o auxílio emergencial tão importante para milhões de brasileiros só agrada os ‘demagogos e comunistas’. Mostra toda a contrariedade por ter tido que implementar o auxílio emergencial que aprovamos no Congresso Nacional. Bolsonaro queria auxílio emergencial de R$ 200 e isso depois de muita insistência. Na Câmara e Senado, aprovamos R$ 600, podendo chegar a R$ 1.200. Ele queria encerrar com três meses, prorrogamos. Ele reduziu a R$ 300, não vamos aceitar”, narrou, em crítica ao descompasso do governo com a emergência social.

O anúncio sobre o uso de verbas do Fundo da educação ocorreu durante um pronunciamento no Palácio da Alvorada, após reunião com ministros e líderes da base aliada na manhã da segunda (28).

De acordo com a equipe econômica do governo, o novo programa social servirá ainda como uma espécie de continuação do auxílio emergencial. Esta é a estratégia de Bolsonaro para tornar o benefício em uma marca de sua gestão, visando manter a popularidade para a sua reeleição, em 2022. Internamente, o projeto vem sendo tratado como “Renda Brasil” ou “Renda Cidadã”. Não houve, porém, a divulgação do valor que cada futura família no programa deverá receber com o novo benefício.

No planejamento do governo, após acertar detalhes com os líderes da base, os textos serão apresentados às outras bancadas do Congresso. Ainda não houve acordo para que o projeto de reforma tributária seja enviado ao Parlamento.