Desigualdade está por trás de 30% da mortalidade infantil, diz Fiocruz

O quadro, muito agravado pela pandemia e pelo desmonte do Estado, foi iniciado no governo de Michel Temer e aprofundado por Bolsonaro

(Foto: Wilson Dias/Agência Brasil)

O desastre de Jair Bolsonaro à frente da Presidência continua a destruir o país, sendo responsável pela entrada de milhões de famílias na extrema pobreza, vítimas do desemprego e da falta de renda. As consequências são trágicas para a população. Um estudo que utiliza um novo indicador desenvolvido pela Fiocruz, chamado de Índice Brasileiro de Privação (IBP), que será divulgado nesta quinta-feira (3), aponta que a desigualdade está por trás de 30% da mortalidade de crianças com até 5 anos de idade. Tais mortes são causadas por desnutrição e doenças infecciosas.

São levados em consideração informações de renda, escolaridade e saneamento para o cálculo do índice. “Há uma alta proporção de óbitos atribuídos à desigualdade”, declarou ao jornal O Globo o pesquisador do Centro de Integração de Dados e Conhecimento para Saúde da Fiocruz (Cidacs), Elzo Pereira Pinto Júnior. “Se todos vivessem com o Índice de Privação muito baixo, o número de mortes infantis seria 30% menor”, diz o pesquisador, que é autor do estudo.

“O índice tem extrema potencialidade de identificar as áreas desiguais do ponto de vista da privação material, de identificar as populações mais vulneráveis e direcionar políticas mais equitativas”, aponta a vice-coordenadora do Cidacs, Maria Yury Ichihara. Utilizando dados do Censo, o levantamento indica que as áreas com mais privações estão no Nordeste, indicador inversamente proporcional no Sul do país.

“Sabemos que há uma relação entre pobreza e mais mortes por doenças, mas, ao apontar exatamente em qual região ou bairro a situação socioeconômica é pior, é possível dirigir as políticas sociais para esses grupos e avançar na saúde”, destaca a sanitarista Ligia Bahia, professora da UFRJ.

O estudo da Fiocruz também indica que crianças menores de 5 anos moradores de regiões com alto IBP têm duas vezes mais chance de morrer por doenças infecciosas, como diarreia, comparadas com as que moram em regiões com melhores condições de condições de renda, escolaridade e habitação.

Interrupção dos avanços com Lula e Dilma

O quadro, muito agravado pela pandemia e pelo desmonte do Estado, foi iniciado no governo de Michel Temer e aprofundado por Bolsonaro. “O corte no Mais Médicos, por exemplo, levou à morte de crianças por diarreia em cidades que já não tinham este tipo de óbito”, denuncia a ex-presidenta Dilma Rousseff. “Em alguns estados, a mortalidade infantil mais que dobrou desde 2015. Um crime contra as crianças e contra o país”, alerta.

De fato, a situação da desnutrição infantil também piorou sob o governo de Temer. O percentual de desnutrição em crianças com menos de 5 anos subiu de 12,6% para 13,1% de 2016 para 2017, de acordo com o Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (Sisvan), reunidas pela Fundação Abrinq.

Agora, em meio ao caos econômico, o aumento do desemprego e o fim do auxílio emergencial a partir de janeiro, a situação deve piorar. O descaso de Bolsonaro interrompe décadas de avanços na redução da mortalidade infantil, especialmente durante os governos de Lula e Dilma. Entre 2003 e 2015, para cada 1 mil nascidos vivos, a taxa de mortalidade infantil foi reduzida de 26,2%, em 2003, para 14,3%, em 2015, de acordo com o Observatório da Criança e do Adolescente. Já no ano seguinte, após o golpe que tirou Dilma da Presidência, a taxa subiu.

Fonte: Agência PT

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