Sob pressão, Pazuello cede e antecipa início da vacinação para hoje

Ministro disse que todos os estados brasileiros devem receber as doses da CoronaVac até o fim da tarde

Com a humilhante derrota do governo Jair Bolsonaro para a gestão João Doria na “guerra” pelo pioneirismo na aplicação da vacina contra a Covid-19, o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, foi obrigado a mudar o planejamento mais uma vez. Nesta segunda-feira (18), sob forte pressão dos governadores, o desgastado ministro disse que todos os estados brasileiros devem receber as doses da CoronaVac até o fim da tarde.

Assim, as unidades federativas poderão iniciar a imunização ainda hoje, ao fim do expediente. “Fica combinado que começa hoje a vacinação, em princípio por volta das 17 horas”, afirmou Pazuello, pela manhã, numa cerimônia no Aeroporto de Guarulhos (SP), com representantes dos governos estaduais.

Neste domingo, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou o uso emergencial de duas contra a Covid-19 – a CoronaVac e a da AstraZeneca/Oxford. Momentos depois, o governo de São Paulo aplicou a primeira vacina da CoronaVac. O governo federal, no entanto, ainda não havia iniciado a distribuição do imunizante pelo País, o que foi programado para esta segunda.

A gestão Bolsonaro adquiriu, junto a um laboratório indiano, 2 milhões de doses da vacina da AstraZeneca/Oxford. Embora tenha fretado um voo para a semana passada – e até adesivado o avião com propaganda do governo federal –, o Ministério da Saúde ainda não retirou uma dose sequer. A Índia afirmou que precisa de alguns dias para liberar o lote. Com isso, a única vacina disponível no Brasil hoje é a Coronavac, produzida pelo Instituto Butantan, em parceria com o laboratório chinês Sinovac.

Segundo a imprensa, a maioria dos governadores cobrou que a vacinação nacional – prevista inicialmente para começar na quarta-feira – fosse iniciada imediatamente. Antes da cerimônia de distribuição, Pazuello tinha proposto aos governadores iniciar a imunização na terça. Mas a insatisfação com a incompetência e a negligência do governo Bolsonaro deixaram os gestores irredutíveis.

A cerimônia em São Paulo contou com a presença de apenas seta dos 27 governadores – Wilson Lima (Amazonas), Renan Filho (Alagoas), Camilo Santana (Ceará), Eduardo Leite (Rio Grande do Sul), Renato Casagrande (Espírito Santo), Ronaldo Caiado (Goiás) e Romeu Zema (Minas Gerais). O vice-governador de São Paulo, Rodrigo Garcia, representou João Doria.

Os grupos prioritários para a vacinação já estão definidos: profissionais de saúde, idosos em instituições de longa duração, aldeias de indígenas e pessoas com deficiências específicas. De acordo com Pazuello, a vacinação se repetirá no ano que vem. “Continuaremos a tomar vacinas para coronavírus e suas variantes todos os anos em estratégia definida pelo SUS, como ocorre com a H1N1 e outras doenças, como sarampo”.

O início à distribuição das doses pelo País já começou. Por volta das 5 horas desta segunda, caminhões de carga refrigerados começaram a deixar o centro de distribuição em Guarulhos escoltados por carros da Polícia Federal. Cem caminhões farão o transporte da vacina. As doses da CoronaVac também serão distribuídas em aviões da Força Aérea Brasileira (FAB) e companhias aéreas que farão o transporte gratuitamente.

Após a cerimônia no galpão, Pazuello visitou, ao lado de alguns governadores, a câmara fria onde estão armazenadas as vacinas. Em seguida, seguiu para a Base Aérea de São Paulo, no Aeroporto de Guarulhos, para acompanhar o carregamento do primeiro voo da FAB que vai distribuir a vacina para os estados.

As caixas saíram do centro de distribuição de logística do Ministério da Saúde em Guarulhos, na Grande São Paulo. O primeiro avião decolou da Base Aérea, às 9h52, com destino aos estados de Goiás e Piauí. Das 6 milhões de doses, 4.636.936 serão enviadas pelo governo federal aos estados brasileiros. As outras 1.357.640 serão distribuídas pelo estado de São Paulo.

Com informações do G1 e do Valor

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