Comissão da CNBB considera impeachment de Bolsonaro uma “urgência”

A Comissão Justiça e Paz também pede engajamento pela vacinação, pelo auxílio emergencial e pela CPI da pandemia

Manifestação pedindo o impeachment do presidente Bolsonaro por genocídio durante a pandemia da Covid-19 (Foto: Divulgação)

A Comissão Justiça e Paz da Regional Sul 1 da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), que reúne cidades do estado de São Paulo, manifestou, neste sábado (6), posição favorável ao impeachment de Jair Bolsonaro (ex-PSL). 

“Sim. Fora Bolsonaro. Por quê? Não honra os compromissos de defesa da vida dos brasileiros, fustiga as populações marginalizadas, expressa em palavras e atos práticas supremacistas brancas, antifeministas, homofóbicas, preconceituosas e faz da mentira o conteúdo de suas comunicações cotidianas”, diz a nota. 

O texto lembra que Bolsonaro, ao tratar da pandemia do novo coronavírus, ignorou e desqualificou condutas propostas pela ciência e pela Organização Mundial da Saúde (OMS). “Desonra máxima frente aos povos e nações de todo o mundo. O pior do humano instalado, o nacionalismo rasgado, a liberdade ameaçada”. 

Ao criticar a afinidade de Bolsonaro com o torturador Carlos Alberto Brilhante Ustra, a comissão aponta que esse alinhamento resulta numa prática “genocida”. “Concentração da riqueza, privatização acelerada, ataque voraz ao meio ambiente, ocupação das terras indígenas, impondo a recessão, condenando à fome grande parte dos brasileiros sem trabalho, sem-terra e sem-teto”, enumera o documento. 

Por fim, a comissão pede engajamento em quatro frentes de luta: vacinação gratuita, para todos e pelo Sistema Único de Saúde (SUS), retomada do auxílio emergencial, Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da pandemia e impeachment de Bolsonaro. 

Leia a nota da íntegra:

Em defesa da Vida 

Os novos desafios que enfrentamos no Brasil, com o avanço da pandemia, foram multiplicados com a condução errática das medidas de proteção da saúde essenciais a todos os que habitamos o país. 

As condutas propostas pela ciência e pela Organização Mundial da Saúde foram ignoradas pelo presidente Jair Bolsonaro e desqualificadas sistematicamente pelo governo central. 

Poderíamos supor, que ao escolher como referência e bandeira o torturador Carlos Alberto Brilhante Ustra, o presidente estivesse se alinhando às práticas do pior do humano – a prática da tortura. 

Não sabíamos, ainda, que essa prática viesse a se tornar genocida, sustentada pela política econômica de concentração da riqueza, privatização acelerada, ataque voraz ao meio ambiente, ocupação das terras indígenas, impondo a recessão, condenando à fome grande parte dos brasileiros sem trabalho, sem-terra e sem-teto. 

Marginalizada, a população, principalmente pobre, preta e periférica, sem qualquer proteção preventiva face ao coronavírus passou a morrer sem auxílio, sem lugar para ser velada, sem o último olhar do familiar e do amigo. 

Cemitérios abertos e valas sem identificação, corpos sem nome foram sobrepostos. Em menos de 365 dias, desde as primeiras mortes informadas em março de 2020, o Brasil ocupou os primeiros lugares dos mortos vitimados em consequência da pandemia. 

Desonra máxima frente aos povos e nações de todo o mundo. O pior do humano instalado, o nacionalismo rasgado, a liberdade ameaçada. 

Sim. Fora Bolsonaro. Por quê? 

Não honra os compromissos de defesa da vida dos brasileiros, fustiga as populações marginalizadas, expressa em palavras e atos práticas supremacistas brancas, antifeministas, homofóbicas, preconceituosas e faz da mentira o conteúdo de suas comunicações cotidianas. 

Estamos indignados e atônitos diante da condução do nosso destino como povo e como nação. O que fazer? Como unir as bandeiras das nossas lutas específicas? Tendo como norte a esperança e no coração a coragem, que possamos construir caminhos de recuperação do nosso país, erguido sobre sofrimento histórico dos escravizados e que não desistiu de sobrepor o projeto civilizatório à barbárie. 

No momento que atravessamos isso exige o engajamento de todos em 4 urgências: (1) vacinação gratuita, para todos e pelo SUS; (2) retomada do auxílio emergencial; (3) CPI da pandemia; e (4) impeachment de Bolsonaro. 

São Paulo, 06 de fevereiro de 2021.
Comissão Justiça e Paz do Regional Sul 1 da CNBB

Do Brasil de Fato

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