Ex-ministro de Dilma defende fim de porta giratória entre BC e mercado

Trata-se da nomeação de representantes dos bancos para o Banco Central, que depois voltam para o mercado em cargos mais elevados

Ex-ministro da Fazenda e do Planejamento Nelson Barbosa - Foto: Lula Marques

Na esteira das discussões sobre a autonomia do Banco Central, aprovada pela Câmara nesta quarta (10), Nelson Barbosa, ministro da Fazenda no segundo governo de Dilma Rousseff, disse em artigo publicado nesta sexta-feira (12) na Folha de São Paulo que é preciso coibir a prática conhecida como “porta giratória” entre mercado e autoridade monetária.

Trata-se da nomeação de representantes dos bancos para o Banco Central, que depois voltam para o mercado em cargos mais elevados. “Muito se fala sobre autonomia do BC em relação aos ‘políticos’, mas pouco se fala da autonomia do BC em relação ao mercado financeiro. Em outras áreas da economia, há ampla literatura sobre o risco de captura do regulador pelo regulado”, pontuou Barbosa.

Para o ex-ministro, a solução para a questão não é proibir que pessoas do mercado assumam cargos no BC, mas diminuir o incentivo para que a nomeação sirva de trampolim para recompensas posteriores por parte de agentes do mercado.

Uma maneira de fazer isso é ampliar a quarentena após a saída do BC, hoje de apenas seis meses. O Banco Central Europeu adota quarentena de dois anos para cargos de alto escalão. No Brasil, dado o histórico de mão dupla entre BC e Faria Lima, acho que precisamos ir mais longe: ex-membros dirigentes do BC devem ficar proibidos de trabalhar para o mercado financeiro por período equivalente ao que trabalharam no BC”, defendeu.

Segundo Barbosa, a medida faria com que o Banco Central fosse comandado por profissionais em fim de carreira, tornando-se uma espécie de “Supremo Tribunal Monetário”.

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