Bolsonaro e ministro da Saúde chantageiam governadores

Presidente novamente ameaçou usar as Forças Armadas para impedir a adoção de medidas restritivas

Na véspera da instalação da CPI da Covid-19 no Senado, o governo Jair Bolsonaro – a começar pelo próprio presidente – abriu nova artilharia contra os governadores. Nesta segunda-feira (26), Bolsonaro criticou os gestores estaduais e novamente ameaçou usar as Forças Armadas para impedir a adoção de medidas restritivas.

(Os governadores) estão seguindo o artigo 5º da Constituição? Está sendo respeitado o direito de ir e vir, o direito de a pessoa ter um emprego, ocupar o tempo para exercitar a sua fé? É só ver se isso está sendo respeitado ou não”, dissimulou o presidente, ignorando o contexto da pandemia. “É inconcebível os direitos que alguns prefeitos e govenadores tiveram por parte do STF. Não estiquem a corda mais do que está esticada”, chantageou Bolsonaro.

Ele apareceu, mais uma vez, sem máscara num evento público, com aglomeração. Era a inauguração de um trecho duplicado de rodovia na Bahia. A provocação bolsonarista ocorre no mês em que o Brasil bateu recorde de casos e mortes por Covid-19.

Ainda nesta segunda, durante audiência da Comissão Temporária da Covid-19 do Senado, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, também ameaçou retaliar gestores estaduais e municipais. Em meio a reiterados atrasos na campanha de vacinação contra a Covid, Queiroga tentou, em vão, jogar a responsabilidade da crise nas costas dos governadores e prefeitos – que, segundo ele, “atrapalham” a execução do Plano Nacional de Imunização.

“Se nós respeitássemos o Plano Nacional de Imunização conforme pactuado na tripartite, ele iria melhor”, declarou o ministro, sem reconhecer as omissões e os erros do governo Bolsonaro no fracasso. “Ocorre que os senhores sabem que, na bipartite, às vezes se muda a orientação para incluir um grupo ou outro, e isso termina por alterar a harmonia do nosso programa e atrapalha o processo de vacinação.”

Na sequência, o ministro pediu que os gestores locais evitem ceder às pressões para incluir nos grupos prioritários aqueles setores que não estiverem previstos no plano do governo federal, como se não houvesse legitimidade nessas demandas. “Sabemos que, no afã de contribuir com a vacinação, às vezes se pressiona para colocar um grupo prioritário ou outro. Todos têm razão em querer ter a vacinação o mais rápido possível. Mas às vezes isso atrapalha o nosso PNI”, tergiversou Queiroga.

Com informações da CartaCapital