Memorial da Resistência abre mostra “Yona Friedman: Democracia”

Animações, quadrinhos e instalações recuperam o pensamento do arquiteto e urbanista que revolucionou a comunicação e a compreensão dos direitos humanos e da democracia.

Yona Friedman. Cidade Espacial

O Memorial da Resistência de São Paulo inaugura no sábado, dia 26, a mostra biográfica “Yona Friedman: Democracia”. Com curadoria de Ana Pato, coordenadora do Memorial, a mostra apresenta um recorte da produção do arquiteto, artista, sociólogo e antropólogo franco-húngaro Yona Friedman (1923-2020), apresentando animações, manuais desenvolvidos com a ONU, instalações dentro e fora do edifício, intervenções urbanas em parceria com coletivos da região central, além de encontros públicos em parceria com o Sesc Bom Retiro.

“Em tempos de negacionismo sobre temas que são postulados inegociáveis para o Memorial da Resistência, a defesa de Yona Friedman por formas de transmissão de conhecimento abertas e participativas é essencial para pensarmos o papel da comunicação na luta pela valorização de princípios democráticos, pelo exercício da cidadania e pela educação em direitos humanos”, declara a curadora Ana Pato, em texto de apresentação da mostra.

Ana Pato foi curadora das exposições “Meta-Arquivo: 1964-1985. Espaço de escuta e leitura de histórias da ditadura” (2019), e em suas pesquisas, dedica-se às relações entre arte, arquivo e memória.

Nascido na Hungria e radicado na França, Yona Friedman valeu-se dos quadrinhos, desenvolveu manuais em que defende a autonomia do indivíduo para compreender e interpretar o mundo de acordo com a própria experiência.

A visita à mostra “Yona Friedman: Democracia” inicia-se com uma instalação feita com painéis de lambe-lambe com uma padronagem do arquiteto. Em seguida, apresenta textos biográficos e imagens que ilustram seus principais projetos como a Cidade Espacial e o Museu de Rua. Além disso, traz os icônicos manuais em quadrinhos, onde abordava questões cotidianas fundamentais como o direito a moradia, meio-ambiente, acesso a água e comida, e duas premiadas animações dos anos 1960, realizadas em parceria com sua esposa Denise Charveyn.

image
[Yona Friedman. A grande Unicórnia]

Nas paredes, a equipe do Memorial recriou em desenhos e palavras as “Licornes” [“Unicórnias”, em francês], personagens mitológicas frequentes na obra de Yona, que nadam em um mar de palavras que evocam o contexto político e social atual do Brasil.

A instalação “Gribouilli” [“Rabisco”, em francês] também está presente na mostra. Essa estrutura tridimensional irregular de grandes dimensões, realizada em frágeis fios de alumínio emaranhados suspensos no espaço, evoca a técnica construtiva autônoma e intuitiva presente em alguns de seus projetos mais inovadores.

“Yona Friedman: Democracia” conta ainda com a realização de uma série de ações e intervenções urbanas em parceria com os coletivos artísticos casadalapa e Paulestinos, além de encontros públicos junto ao SESC Bom Retiro, onde a curadora e convidados aprofundam discussões e temas suscitados pela mostra.

image
[Yona Friedman no Museu sem Edifício]

Biografia

Arquiteto, artista, sociólogo e antropólogo, Yona Friedman (1923-2020) nasceu em Budapeste, na Hungria, e estudou arquitetura na Universidade de Tecnologia e Economia de Budapeste.

Judeu, chegou a ser preso e vivenciou a violência da guerra como refugiado, mudando-se primeiro para Bucareste, na Romênia, e depois para Israel. onde concluiu seus estudos como aluno da Technion, em Haifa, cidade onde trabalhou como arquiteto entre 1949 e 1957.

Seus primeiros projetos foram uma resposta direta aos problemas demográficos do pós-guerra e aos desafios da reconstrução. A partir de 1953, passou a conceber os princípios do que viria a chamar de “arquitetura móvel”.

A partir dos anos 1960, radicado na França, passou a desenvolver uma obra centrada na comunicação e na transmissão de ideias. Edifícios desenhados por Friedman que foram construídos, incluem o Bergson High School, em Angers, na França, em 1979, e o Museu de Tecnologia Simples, em Chennai, na Índia, em 1987, feito com materiais locais, como o bambu.

image
[Yona Friedman. Cidade Espacial]
image

Memorial da Resistência

O Memorial da Resistência de São Paulo busca a preservação das memórias da repressão e da resistência políticas no Brasil por meio da educação, da pesquisa, além da organização de exposições temáticas.

Entre 1940 e 1983, ali funcionava o Departamento Estadual de Ordem Política e Social de São Paulo (Deops-SP), uma das polícias políticas mais truculentas do país.

Links úteis:

SERVIÇO:

Exposição: “Yona Friedman: Democracia”

Visitação: de 26 de junho de 2021 a 07 de março de 2022
Endereço: Largo General Osório, 66 – Santa Ifigênia, São Paulo – SP
Horários de funcionamento: de quarta a segunda, das 10:00 às 18:00; fecha às terças-feiras
Telefone: (11) 3335-5910
Site: http://memorialdaresistenciasp.org.br/
Entrada gratuita

– Ingressos reservados somente pela internet para evitar aglomerações. Faça sua reserva aqui. Conheça as medidas do Memorial para que todos façam uma visita segura.
– Conheça nosso programa de acessibilidade Memorial Para Todos.

Autor