Unegro 33 anos, estamos de pé e em luta contra o racismo!

Nos seus 33 anos, a Unegro reafirma a irredutível defesa das vidas negras, a luta contra o racismo e pela igualdade

Nascida no ventre das lutas pela redemocratização do país, da década de 80 do século XX, a União de Negras e Negros Pela Igualdade (Unegro) tem sua vocação ligada às lutas ancestrais por liberdade, igualdade, dignidade, reconhecimento da humanidade da população negra, e do enfrentamento a um sistema econômico, social e político assentado no racismo e no patriarcado que desiguala, inferioriza, explora, saqueia, subalterniza e violenta os povos que não têm a imagem e semelhança dos donos do capital, invariavelmente brancos.

Ao longo das décadas, organizando a luta contra o racismo, as desigualdades de gênero e contra a exploração capitalista, denunciando a falsa democracia racial e o genocídio da população negra, a Unegro tem sido instrumento efetivo de elevação das consciências antirracismo, ampliação do debate público sobre desigualdades raciais, organização política da população negra bem como de articulação de importantes frentes políticas em torno das grandes e estratégicas lutas do movimento negro brasileiro.

A Unegro compreende que a luta contra o racismo é uma luta de todo o povo brasileiro, que tem o imenso desafio de olhar para si próprio como uma nação forjada sob a égide do racismo, que produz fraturas, fossos, violência, dor, morte e nos retém nos piores patamares do desenvolvimento humano. A pobreza e extrema pobreza são esmagadoramente compostas por pessoas negras, assim como somos nós os sem terra, sem casa, com baixa escolaridade, sem emprego ou submetidos às piores ocupações e piores rendas, e ainda as vitimas preferenciais e cotidianas do feminicídio e da perversa política de segurança pública que tem os corpos negros como alvos, a superlotação do sistema prisional, ambos alimentados por uma perversa e genocida política de guerra às drogas, que na verdade é uma guerra do Estado contra as pessoas negras. Abundam exemplos e motivos para alimentar a existência de uma entidade da luta antirracista, combativa, revolucionária, organizada nacionalmente, com dezenas de milhares de negras e negros em suas fileiras, com elevado protagonismo das mulheres negras, inspirados nas lutas ancestrais de Zumbi e Dandara dos Palmares, dos revolucionários de Búzios, de Luiza Mahin e dos negros Malês, dos lanceiros negros, das nossas matriarcas das Irmandades Negras da Boa Morte, das nossas Yalorixás, da Imprensa Negra, de Luiz Gama, dos irmãos Antonio e André Rebouças, de Antonieta de Barros, de Laudelina Campos Melo, das nossas escolas de samba, Blocos Afro e Afoxés, dos movimentos de mulheres negras, do Movimento Funk e Hip Hop, vocacionada à luta política pela transformação radical da sociedade e devotada à construção de um projeto político de um Brasil soberano, desenvolvido, verdadeiramente democrático, com distribuição de riquezas, livre do racismo, das desigualdades de gênero e orientação sexual, um país de justiça social e felicidade.

Neste ano de 2021 todas as conquistas da população negra desde a redemocratização e especialmente nos anos 2000, com a elevação de um campo de forças democráticas e progressistas ao governo federal, na era Lula-Dilma, estão sob ataque. A eleição de Bolsonaro em 2018, como consequência do golpe de 2016, representou a ascensão de ideias e de um projeto neofascista, ultraliberal, racista, misógino e autoritário que tem implementado um verdadeiro desmonte das políticas sociais conquistadas na década anterior e apostado numa mudança de regime, onde práticas autoritárias como o silenciamento de opositores, fechamento de outros poderes, hiper-militarização da política e da vida, naturalização da corrupção como prática de gestão, sejam normalizadas. Bolsonaro representa ainda a exacerbação de uma política de morte, de uma necropolítica que desembarcou no Brasil a partir da invasão e colonização portuguesa, sempre foi uma prática do Estado, mas que agora assume status de política oficialmente assumida pelo comando central da Nação. Hoje, somos o país com a pior gestão da pandemia, o segundo em número de mortos por Covid, por gestão intencionalmente genocida de um presidente que odeia seu povo.

Sob os escombros de um país que rapidamente vem sendo demolido, sob os corpos das mais de 530 mil vítimas de uma gestão genocida da Pandemia do Covid-19, sob o flagelo da fome, do desemprego, dos que estão sendo mortos por Covid, por tiros e por indigência, a população negra se levanta!

Neste contexto, a Unegro tem atuado simultaneamente na organização das redes de solidariedade nas periferias e interior do país com a distribuição de alimentos, máscaras e produtos de higiene e limpeza, na linha de frente das lutas de resistência contra o genocídio negro que tem se intensificado, bem como na construção da campanha e atos Fora Bolsonaro em todo o país, compreendendo que a maior urgência deste tempo é livrar o país do fascista e genocida que está no comando da nação.

É urgente a superação deste governo genocida, é urgente conquistar vacina no braço e comida no prato de todo o povo, é urgente barrar as ações policiais que seguem nos tirando as vidas negras, é urgente se organizar e transformar o Brasil. Portanto, ao celebrar sua vitalidade e protagonismo nestes 33 anos de resistência, a Unegro segue convocando a população negra a se rebelar contra o racismo e a se somar nas lutas pelo fim do genocídio da população negra e pelo Fora Bolsonaro!

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