Citado no esquema de corrupção, líder do governo Bolsonaro depõe na CPI

A convocação de Ricardo Barros foi sugerida pelo senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE). De acordo com o autor do requerimento, o líder do governo foi “mencionado pelo próprio presidente da República no cometimento de potenciais ilícitos no contexto de negociação e compra da Covaxin”

O líder do governo Bolsonaro na Câmara, Ricardo Barros (Pablo Valadares/Câmara dos Deputados)

O líder do governo na Câmara dos Deputados, Ricardo Barros (PP-PR), vai depor na próxima quinta-feira (12) na CPI da Covid. No dia 25 de junho, o servidor do Ministério da Saúde Luis Ricardo Miranda e o irmão deputado federal Luis Miranda (DEM-DF) disseram à comissão que levaram a Bolsonaro as denúncias de corrupção na compra da vacina Covaxin. Na ocasião, o presidente teria dito que o “rolo era coisa do Ricardo Barros”. Os depoimentos dos irmãos Miranda não foram desmentidos até hoje pelo chefe do executivo.

A CPI investiga indícios de corrupção na compra do insumo da farmacêutica indiana Barath Biotech por intermédio da Precisa Medicamentos, que já deu um calote no governo de Michel Temer de R$ 20 milhões pela compra de medicamentos raros que não foram entregues. O ministro da Saúde na época era Ricardo Barros. O deputado é alvo de uma ação do Ministério Público Federal (MPF) por improbidade administrativa na qual é acusado de favorecer a empresa Global Gestão em Saúde, acionista da Precisa.

Em 3 de fevereiro, o líder do governo na Câmara apresentou emenda que permitiu a importação da Covaxin. Barros e o dirigente da Precisa Medicamentos, dirigida por Francisco Maximiano, são próximos e se envolveram juntos em casos suspeitos

O servidor Luis Miranda revelou que sofreu “pressão anormal” para liberação da importação da vacina. Além do pagamento antecipado de US$ 45 milhões em nome da Madison, empresa com sede em paraíso fiscal, havia irregularidades nas invoices (nota fiscal internacional). Foram 20 milhões de doses compradas pelo preço de R$ 1,6 bilhão, o valor mais caro por dose. Apesar de o governo alegar que não pagou, o valor foi empenhado no Ministério da Saúde.

A convocação de Ricardo Barros foi sugerida pelo senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE). De acordo com o autor do requerimento, o líder do governo foi “mencionado pelo próprio presidente da República no cometimento de potenciais ilícitos no contexto de negociação e compra da Covaxin”.

Nesta terça-feira (10), a CPI ouve Helcio Bruno de Almeida. O requerimento é do senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), vice-presidente da comissão. Ele lembra que, em depoimento à CPI, representantes da empresa Davati no Brasil disseram que o presidente do Instituto Força Brasil intermediou um encontro entre eles e o então secretário-executivo do Ministério da Saúde, coronel Elcio Franco. Na ocasião, discutiu-se a compra de 400 milhões de doses do imunizante da AstraZeneca.

Na quarta-feira (11), os senadores tomam o depoimento de Jailton Batista. O presidente da Vitamedic Indústria Farmacêutica deve falar sobre a venda de medicamentos relacionados ao chamado “kit-covid”, que não têm eficácia comprovada contra a covid-19. O requerimento do relator da CPI, senador Renan Calheiros (MDB-AL), previa originalmente a convocação de outro representante da Vitamedic, o empresário José Alves Filho. A substituição foi solicitada pela própria farmacêutica.

Com informações da Agência Senado

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