Pobreza avança no Brasil com pandemia e governo Bolsonaro

Nível de pobreza cresceu em 24 das 27 unidades da federação

Foto: Rafael Sánchez/Fabres

O governo Jair Bolsonaro será marcado, entre outras mazelas, como um período de aumento da desigualdade no Brasil. A crise econômica, agravada pela pandemia de Covid-19, a um aumento generalizado da pobreza, com altas mais fortes nos estados do Nordeste e nos grandes centros urbanos, como São Paulo e Rio de Janeiro. É o que aponta um estudo do economista Daniel Duque, pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre).

De acordo com a pesquisa, entre o primeiro trimestre de 2019 e janeiro deste ano, o nível de pobreza cresceu em 24 das 27 unidades da federação. O trabalho também mostra que houve aumento da população em pobreza extrema em 18 das 27 unidades da federação, considerando renda per capita de US$ 1,90 por dia (cerca de R$ 160 por mês).

Em São Paulo, a parcela de população pobre subiu de 13,8% em 2019 para 19,7% em 2021. No Rio, ultrapassou um quinto da população, passando de 16,9% para 23,8%. “As economias dos centros urbanos são muito focadas em serviços, como alimentação, alojamento e entretenimento, que foram mais atingidos pelas características desta crise”, diz Duque.

Nos três únicos estados em que não houve aumento do indicador, os pobres já representavam mais de 30% da população: Acre (46,4%), Pará (45,9%) e Tocantins (35,7%). Na média, a população pobre no Brasil passou de 25,2% do total no primeiro trimestre de 2019 para 29,5% em janeiro deste ano.

Os cálculos foram feitos com base em dados do IBGE, considerando a classificação de pobreza pelo Banco Mundial, de renda per capita de até US$ 5,50 por dia (cerca de R$ 450 por mês). O parâmetro do cálculo é a taxa de câmbio da paridade do poder de compra (critério que busca eliminar as diferenças de custo de vida, permitindo uma comparação entre países).

Ainda que possa haver melhora nos dados mais recentes, com a retomada do pagamento do auxílio emergencial a partir de abril e de alguma reação do mercado de trabalho, a expectativa entre economistas é que os níveis de pobreza se mantenham acima do que eram antes da Covid-19.

Com informações do Valor Econômico