Enem 2021 teve menos negros e foi esvaziado, diz Ubes
A lado da UNE e da Frente Parlamentar Mista da Educação, a Ubes integra a “Blitz do Enem”, que está acompanhando as denúncias de problemas sobre a logística, segurança e monitorando dados sobre qualquer ocorrência
Publicado 22/11/2021 11:44 | Editado 22/11/2021 11:59
Após a divulgação de que o Enem 2021 teria menos estudantes negros inscritos do que nas edições anteriores, Rozana Barroso, presidenta da Ubes (União Brasileira dos Estudantes Secundaristas), que realizou o exame neste domingo (21) em São Paulo, confirmou os dados no local. “Na minha sala eram apenas quatro estudantes negros, contando comigo”, afirma Rozana.
“Esse número reflete a falta de projeto de educação do governo e do Ministério da Educação, que colocaram entraves para a participação dos estudantes mais pobres, nem possibilitaram condições para estudar na pandemia. Nós sabemos quem são os mais atingidos com essa falta de políticas”, avalia.
Rozana foi à prova vestindo uma camiseta “Milhões de jovens poderiam estar comigo aqui”, por conta da dificuldade de inscrição com isenção e de estudar sem aulas presenciais. Ela, que assim como milhares de outros jovens, sonham em ser os primeiros de suas famílias a ingressarem na universidade
Para o estudante Alejandro Guerrero, vice-presidente regional da Ubes na Região Sul, que realizou a prova em Viamão (RS) e já tinha realizado outras vezes, considerou o exame “esvaziado”, com menos pessoas, do que em edições anteriores, e também ausentes na sala. “Os temas abordados também foram bastante complexos, pensando na realidade que atravessamos: um ano e meio sem aulas presenciais, com a maioria dos estudantes sem internet”.
Kelvin Rodrigues, presidente da Umes – PE (União Municipal dos Estudantes Secundaristas de Pernambuco), observou o processo de esvaziamento do Enem, ainda antes da prova. De uma turma do 3º ano do Ensino Médio, com 35 estudantes matriculados, dez frequentavam a aulas presenciais e apenas três deles estavam inscritos no Enem.
“Na sala que realizei o exame, por exemplo, estudantes vestiam camisetas de pré-vestibulares, uma realidade muito distante para a maioria nesta grave crise que atravessamos. Imagino que muitos outros estudantes faltarão na segunda prova, diante dessas desigualdades”, avalia o estudante, que prestou o Enem no Recife.
A Ubes, ao lado da UNE (União Nacional de Estudantes) e da Frente Parlamentar Mista da Educação, integra a “Blitz do Enem”, que está acompanhando as denúncias de problemas sobre a logística, segurança e monitorando dados sobre qualquer ocorrência.
Com informações da Ubes