Zelensky recua, e Rússia vê “progressos” em negociações com Ucrânia
Presidente ucraniano afirmou ter “moderado” sua posição sobre o ingresso do país na Otan e admitiu diálogo sobre a situação de Lugansk e Donestk
Publicado 09/03/2022 09:02 | Editado 09/03/2022 12:08
A Rússia vê “progressos” nas negociações com a Ucrânia, declarou a porta-voz do ministério russo das Relações Exteriores, Maria Zakharova, nesta quarta-feira 9. “Paralelamente à operação militar especial, também estão acontecendo negociações com a parte ucraniana para acabar o quanto antes com o banho de sangue sem sentido e a resistência das Forças Armadas ucranianas. Alguns progressos foram feitos”, afirmou Zakharova.
Segundo a porta-voz, os objetivos de Moscou “não incluem a ocupação da Ucrânia, a destruição de seu Estado ou derrubar o governo atual”, declarou em uma entrevista coletiva. Após duas semanas da entrada das tropas russas na Ucrânia, Zakharova reiterou que a ação não tem como alvo a população civil.
Os dois países concordaram em respeitar um cessar-fogo para permitir a instauração de corredores humanitários de retirada de civis nesta quarta. A Rússia confirmou que, das 9 às 21 horas locais (4 às 16 horas de Brasília), respeitará uma trégua ao redor de seis zonas especialmente afetadas pelos combates nos últimos dias. Conforme a agência da ONU para os refugiados, Acnur, mais de 2 milhões de pessoas já deixaram a Ucrânia desde o início da guerra.
Nesta terça, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, afirmou ter “moderado” sua posição sobre o ingresso do país na aliança militar ocidental pró-EUA, a Otan (Organização do Tratado Atlântico Norte). Além disso, ele admitiu diálogo sobre a situação de Lugansk e Donestk, no sul da Ucrânia – territórios separatistas reconhecidos como repúblicas independentes por Moscou.
Em entrevista à ABC News, dos Estados Unidos, na noite da segunda, Zelensky se disse “pronto para o diálogo, mas não para a capitulação”, em referência às negociações com o presidente russo, Vladimir Putin, para interromper a guerra em curso. Horas antes, o Kremlin reforçou que exige da Ucrânia o fim de ações militares; que mude sua Constituição a fim de garantir que não se juntará à União Europeia e à Otan; que reconheça a Crimeia como território russo; e que reconheça Donetsk e Lugansk como Estados independentes.
“Em relação à Otan, moderei essa questão há algum tempo, quando entendemos que a Otan não está pronta para aceitar a Ucrânia. A aliança tem medo de qualquer controvérsia e de um confronto com a Rússia”, afirmou Zelensky na entrevista.
Questionado sobre os separatistas no Donbass, declarou que a discussão envolve “garantias de segurança”, tachando as regiões de “territórios ocupados temporariamente e repúblicas não reconhecidas por ninguém além da Rússia, pseudo-repúblicas”. Ainda assim, o presidente recuou: “Podemos discutir e encontrar o compromisso sobre como esses territórios continuarão a viver. O que é importante para mim é como vão viver as pessoas nesses territórios que querem fazer parte da Ucrânia”, completou.
Com informações da CartaCapital