Datafolha: Lula abre 21 pontos e pode ganhar no primeiro turno

Lula lidera com 48% das intenções de voto no primeiro turno, ante 27% do maior adversário, na nova rodada.

Foto: Ricardo Stuckert

O Instituto Datafolha acaba de divulgar pesquisa de intenção de voto em que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) apresenta avanços significativos em relação à estabilidade que mantinha como líder, desde setembro de 2021. Com 21 pontos percentuais de vantagem sobre o presidente Jair Bolsonaro (PL), ele pode levar a vitória ainda no primeiro turno.

Lula lidera com 48% das intenções de voto no primeiro turno, ante 27% do maior adversário, na nova rodada. Bolsonaro viu aumentar sua distância para o petista, que antes era de 17 pontos.

Com isso, o cenário entre os dois antagonistas vai se consolidando, pois o terceiro colocado, Ciro Gomes (PDT), mantém seu patamar distante de 7%. Outras candidaturas sugeridas atingem no máximo 2%. Votos brancos ou nulos somam 7%, e 4% dos eleitores responderam não saber em quem votar.

A pesquisa capta mudanças no cenário pré-eleitoral como a saída do ex-juiz Sergio Moro, e do ex-governador de São Paulo João Doria (PSDB), que anunciou sua desistência na última segunda-feira (23). Nesse ínterim, Lula lançou sua pré-candidatura em grande evento com Geraldo Alckmin (PSB) e tem avançado suas alianças nos estados, como com Alexandre Kalil (PSD) ao governo de Minas Gerais.

Enquanto isso, Bolsonaro intensifica sua campanha ameaçando não aceitar o resultado eleitoral, questionando a condução das eleições pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Com isso, gera turbulências e críticas de amplos setores da sociedade, inclusive internacionalmente.

A pesquisa foi feita com 2.556 eleitores acima dos 16 anos em 181 cidades de todo o país, nesta quarta (25) e quinta-feira (26). A margem de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou menos.

O levantamento foi contratado pela Folha de S. Paulo e está registrado no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) sob o número BR-05166/2022.

Terceiros

Depois de Lula, Bolsonaro e Ciro, vem a lanterna de dez candidatos com desempenho abaixo de 3%: André Janones (Avante) e Simone Tebet (MDB) que registram 2%. Pablo Marçal (Pros) e Vera Lúcia (PSTU) têm 1%. E Felipe d’Avila (Novo), Sofia Manzano (PCB), Leonardo Péricles (UP), Eymael (DC), Luciano Bivar (UB) e General Santos Cruz (Podemos) não pontuam.

O ex-presidente Lula cresceu na pesquisa espontânea, quando não são apresentados nomes dos candidatos, atingindo 38% (em março eram 30%). Bolsonaro tinha 23% em março e agora marca 22%.

O índice é o melhor obtido pelo candidato da Frente Brasil Esperança e aliados desde o início da atual série histórica do Datafolha, em maio de 2021. Outros 2% dos entrevistados citaram espontaneamente Ciro, e 1% mencionou Tebet.

A taxa de indecisos na espontânea confirma a tendência de afunilamento rumo a um embate direto entre Lula e Bolsonaro: os que ainda não escolheram candidato somam 29%, menor índice da série para esse quesito, que vem em queda desde 2021 e havia registrado 32% em março.

Nos recortes feitos pelo Datafolha sobre as condições do entrevistado, Lula vê seu patamar de 48% subir ou oscilar para cima entre: mulheres (49%, ante 23% de Bolsonaro), eleitores com 16 a 24 anos (58% a 21%), pessoas com ensino fundamental (57% a 21%) e entrevistados com renda familiar de até dois salários (56% a 20%).

O petista também consolidou sua vantagem no Nordeste, onde crava 62%, ante 17% do atual mandatário. A diferença é grande também entre eleitores que se declaram pretos (57% a 23%), entre católicos (54% a 23%) e desempregados (57% a 16%).

Entre os que informaram receber o Auxílio Brasil, Bolsonaro atinge 20% e o petista bate 59%.

Por outro lado, Bolsonaro supera Lula entre eleitores com renda familiar mensal superior a dez salários (42% a 31%) e entre empresários (56% a 23%). Entre evangélicos, o presidente fica numericamente à frente, dentro da margem de erro (39% a 36%). Os dois empatam no estrato que recebe de cinco a dez salários, com 37%.

Como o Datafolha registrou a pesquisa antes da renúncia de Doria, o nome do tucano chegou a ser testado em um cenário e obteve 3%, insuficiente para promover grandes impactos no quadro geral. Os pesquisadores foram às ruas depois do anúncio do tucano, nesta quarta e quinta. Antes de Doria, já havia abandonado o páreo o ex-governador do Rio Grande do Sul Eduardo Leite, que pode disputar reeleição no estado.