Professoras decidem pela greve nas escolas particulares de 400 cidades

Categoria vai parar a partir de segunda-feira em cerca de 400 cidades, incluindo Belo Horizonte, Grande BH e Sul de Minas.

Diante da intransigência dos patrões, docentes decidiram cruzar os braços - Foto de Aloísio Morais

Com quatro apenas votos contra e quatro abstenções, as/os professoras/es das escolas particulares de Belo Horizonte e região abrangida pela mesma convenção coletiva, decidiram, hoje, entrar em greve a partir de segunda-feira, 6. A assembleia foi realizada no saguão da Assembleia Legislativa. Patrões se mostram intransigentes e docentes lutam para não perderem conquistas históricas, além do INPC integral.
Em assembleia realizada no dia 24/5, a categoria já havia decidido entrar em estado de greve, abrangendo professoras de cerca de 400 cidades, principalmente Belo Horizonte, Grande BH e Sul de Minas. Na próxima quarta-feira, 8, será realizada nova assembleia para avaliação de possíveis contrapropostas do sindicato patronal.

“Mais uma vez agradeço todos os professores e professoras que, com coragem e resistência, enfrentaram o assédio no interior das escolas, cruzaram os braços e lotaram a assembleia. Isso mostra a nossa força enquanto uma categoria profissional que não renuncia à luta contra a precarização de suas condições de trabalho e vida”, destacou Valéria Morato, presidenta do Sinpro Minas. “Agora é greve! Vamos ampliar a mobilização e denunciar os assédios nas instituições de ensino, para que os donos de escolas entendam de uma vez por todas que não aceitaremos sermos tratados com desrespeito e desvalorização”, completou.

A proposta do patronal, recusada pelos docentes, prevê retirar o desconto da bolsa de quem atrasar a mensalidade, aumentar o número de situações que permitem reduzir a carga horária dos professores sem ter de indenizá-los, incluir na convenção coletiva uma cláusula de “controle alternativo de jornada”, que cria oportunidade para a escola não registrar nem pagar horas extras dos professores, entre outros pontos prejudiciais.

O sindicato patronal tenta dividir a categoria ao propor uma Convenção Coletiva de Trabalho diferente para os docentes do ensino superior. Em relação ao reajuste, os donos de escolas ofereceram apenas 5% para a educação básica e 4% para o ensino superior, percentuais bem abaixo da inflação oficial.

“Dissemos, na mesa de negociação, o que os professores estão reafirmando nas assembleias e nas escolas: não dá para aceitar um acordo desse. Ele não nos atende. Há anos eles estão tentando retirar nossos direitos e, na pandemia, compreendemos a gravidade da situação e fizemos concessões temporárias, durante o período de emergência sanitária. Mas, agora, não há mais necessidade, e as escolas continuam cheias, e a lucratividade do setor, muito grande. Nosso problema hoje não é de números, mas de dignidade profissional”, afirmou Newton de Souza, diretor do Sinpro Minas.

Os professores reivindicam recomposição salarial de acordo com a inflação acumulada e um ganho real de 5%, manutenção dos direitos previstos na convenção coletiva, regulamentação do trabalho virtual, entre outros pontos de valorização profissional.