Bolsonaro é responsável pelo aumento de preços dos combustíveis no país

Com mais uma troca de comando na Petrobras e tentativa de criação de CPI, governo busca acelerar privatização e retomar discurso lavajatista com finalidades eleitoreiras.

Posto de combustível em Brasília. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Após ter aprovado no Conselho de Administração da Petrobras a indicação de Caio Paes de Andrade para a Presidência da empresa, a despeito da falta de experiência dele no setor de petróleo, Bolsonaro continua agindo como se não tivesse o poder da caneta para alterar a Política de Preço de Paridade (PPI) de importação. Contudo, economistas e especialistas na área de energia consideram incongruente a postura do presidente e apontam que, da mesma forma que conseguiu o aval para o indicado comandar a petrolífera, como acionista majoritário é o governo o responsável pela elevação dos preços dos combustíveis no país.  

“O governo tem maioria no conselho da Petrobras. Ao que tudo indica, pela lei das estatais o novo presidente não poderia exercer o cargo. Ele não tem experiência prévia no setor. A lei das estatais exige uma experiência de 10 anos. Não é o caso dele, mas o governo tem maioria e agora emplacou o presidente. Agora vamos ver se ele vai mudar a política de preços da Petrobras ou se será mais um da longa lista de ex-presidentes da Petrobras do governo Bolsonaro”, disse ao Portal Vermelho o professor de Economia da UnB, José Luis Oreiro.

Na opinião do coordenador técnico do Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (Ineep), William Nosaki, com a mudança no comando da empresa, o governo está tentando ganhar tempo para resolver o problema da carestia dos combustíveis. “Como acionista majoritário, o governo resolveu adotar a estratégia de fazer uma cortina de fumaça sobre o problema da política de preços da Petrobras. De um lado há o mercado querendo a manutenção da PPI e de outro, os consumidores e o eleitorado exigindo respostas para a inflação dos combustíveis. Diante destas contradições, ele optou por estressar a governança da Petrobras. O governo não se comporta como acionista majoritário e, sim, como se fosse um dos acionistas minoritários e que estivesse em disputa com outros acionistas minoritários. É completamente nonsense”, comentou Nosaki, em entrevista ao Portal Vermelho.

CPI da Petrobras

Para o coordenador técnico do Ineep, a tentativa de conseguir adesões para uma CPI da Petrobras também é mais uma tentativa de criar uma cortina de fumaça que ofusque o fato de que o executivo pratica uma política de preços que não tem coragem de alterar. “A CPI não tem sentido. É uma iniciativa da base do governo para investigar uma política de preços que é decidida e praticada pelo próprio governo”, disse Nosaki, advertindo que, na realidade, o governo tem interesses na CPI.

(Foto: FUP/Divulgação)

A intenção é criar um clima de incerteza na Petrobras, para reduzir os valores dos ativos e, com isso, tentar fazer a privatização mais rapidamente. Com a CPI, ele tenta também voltar ao tema da corrupção, tentando reeditar o discurso lavajatista com finalidades eleitoreiras, o que é inócuo, quando ele é o grande responsável pela política de preços”, analisou.