Bolsonaro recebeu membros de grupo que tinha a simpatia de golpistas alemães 

Operação nesta semana prendeu 25 suspeitos de conspirar contra o Estado alemão, dentre eles, simpatizantes do Querdenken. Membros deste grupo visitaram Bolsonaro em 2021

Polícia alemã prende suspeitos de tramar golpe. Foto: reprodução

Mais uma informação tornada pública nesta quinta-feira (8) aponta para a proximidade do bolsonarismo com movimentos extremistas de direita e que flertam com o golpismo. O jornalista Jamil Chade revelou, no UOL, que o presidente Jair Bolsonaro, a então ministra Damares Alves e os deputados federais Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e Bia Kicis (PL-DF) receberam, em 2021, a visita de dois alemães que faziam parte do movimento Querdenken. Segundo a polícia daquele país, o movimento teria ligação com alguns dos 25 detidos nesta quarta-feira (7) acusados de planejar um golpe contra a Alemanha. 

Segundo o jornalista, tendo como base a polícia alemã, “alguns dos detidos eram também simpatizantes do movimento Querdenken, que ganhou força na pandemia por ser contra vacinas e divulgar teorias conspiratórias. O grupo negacionista já estava na mira de inteligência alemã por ter laços com neonazistas desde 2020”. 

Na operação realizada na Alemanha para desbaratar a trama golpista, um dos focos era o grupo Reichsbürgern. A investigação quer agora entender o papel do Querdenken nessa rede clandestina, cuja ação pretendida foi classificada por procuradores como suspeita de “terrorismo”. 

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Conforme destacou Chade, Vicky Richter — ligada ao Querdenken e uma das fundadoras de um “partido antivacina e negacionista da pandemia que espalha pelas redes ideias conspiratórias” — entrevistou Damares. Na conversa, a ex-ministra voltou a defender posições como o “fortalecimento de família” e a “proposta conservadora” do atual governo, além de falar sobre erotização infantil e supostos “ritos de estupros” por comunidades tradicionais.

Pouco depois dessa visita, Bolsonaro recebeu a deputada alemã Beatrix von Storch, uma das lideranças do partido de extrema direita Alternativa para Alemanha (AfD) e neta de um ex-ministro das Finanças da Alemanha durante o regime nazista de Adolf Hitler.

A operação que levou à prisão dos suspeitos de conspirar contra a Alemanha aconteceu nesta quarta-feira (7). As autoridades locais acreditam que o grupo, formado por apoiadores da extrema-direita e ex-militares, se preparava para invadir o prédio do Parlamento do Reichstag e tomar o poder. Além de membros do Reichsbürger (Cidadãos do Reich), havia também suspeitos envolvidos com o movimento negacionista e conspiracionista QAnon. 

Um dos detidos durante a operação, Rüdiger Wilfred Hans Von Pescatore, 69 anos, já viveu em Santa Catarina — onde tem sido descoberta, com frequência, a presença de grupos neonazistas — e mantém empresas no estado. Ele chegou  ao Brasil em 2016 e morou no Vale do Itajaí. 

(PL)

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