Após críticas de pouco apoio à Ucrânia, ministra da Defesa alemã renuncia

Christine Lambrecht foi intensamente criticada pela resposta hesitante de Berlim à guerra na Ucrânia. Apesar disso, novo nome não deve alterar o cenário.

Ministra da Defesa, Christine Lambrecht, renuncia. Foto CC: Armin Kübelbeck

Demitiu-se a ministra da Defesa da Alemanha, criticada pelo ritmo de um projeto maciço para modernizar as forças armadas e pela “resposta gaguejante” de Berlim à guerra na Ucrânia. Um porta-voz do chanceler Olaf Scholz disse que aceitou a renúncia de Lambrecht e que um substituto seria anunciado em breve.

Berlim já forneceu apoio militar substancial à Ucrânia desde que a Rússia lançou sua invasão em fevereiro passado e no início deste mês concordou em fornecer 40 veículos blindados Marder e uma bateria de mísseis de defesa aérea Patriot para Kiev. Apesar disso, até dentro do governo se critica a “hesitação” em intensificar a ajuda.

A mulher de 57 anos estava no cargo desde que Scholz se tornou chanceler em dezembro de 2021. Ambos são membros do Partido Social Democrata (SPD) da Alemanha. Christine Lambrecht disse em uma declaração por escrito na segunda-feira que “meses de foco da mídia em minha pessoa” impediram um debate factual sobre os militares e a política de segurança da Alemanha.

Dor de cabeça

A renuncia da ministra é vista com uma dor de cabeça para Scholz, que terá que escolher alguém do SPD para se atualizar as pressas sobre os problemas de defesa. No entanto, considerando a postura de governo pouco alinhada ao discurso de continuidade da guerra contra a Rússia, é improvável que haja uma mudança profunda independente da troca de nome.

Ela renunciou em um momento delicado em que Scholz enfrenta crescente pressão para avançar em entregar tanques de batalha Leopard 2 à Ucrânia.

A pasta da Defesa é conhecida pelo histórico de diminuir a reputação dos ministros. As forças armadas alemãs, a Bundeswehr, sofre há anos com a negligência e, em particular, com equipamentos antigos e com mau funcionamento.

Com a invasão da Ucrânia pela Rússia, a importância do Ministério e de Lambrecht aumentou mais do que se esperava. Isso levou Scholz a anunciar um fundo especial de 100 bilhões de euros para atualizar a Bundeswehr. Apesar dos recursos, a ministra foi acusada de enrolar para executar os gastos.

Ela disse que “esses projetos devem ser cuidadosamente negociados – isso é dinheiro de impostos”.

Gafes e constrangimentos

A ministra foi ridicularizada na imprensa em várias ocasiões por gestos imprudentes e gafes cometidas. Em janeiro de 2022, foi motivo de piadas a descrição da entrega de 5.000 capacetes militares à Ucrânia pela Alemanha em janeiro do ano passado como “um sinal muito claro de que estamos ao seu lado”.

Em abril passado, ela levou seu filho de 21 anos em um voo de helicóptero militar. A viagem virou escândalo depois que ele postou no Instagram uma foto tirada pela ministra. O ministério de Lambrecht disse que ela pediu permissão e pagou os custos sozinha, mas os críticos disseram que isso mostrava falta de juízo.

A pressão sobre Lambrecht aumentou recentemente após uma mensagem de vídeo de Ano Novo em que fala do drama da guerra na vizinhança europeia, enquanto se ouvem fogos e se vê as festividades nas ruas de Berlim, atrás dela. Postada no Instagram, Lambrecht mal é ouvida no vídeo.

“Uma guerra está acontecendo no meio da Europa”, dizia ela. “E relacionado a isso, para mim, havia muitas impressões especiais que pude obter – muitos, muitos encontros com pessoas excelentes e interessantes.”

Como ex-ministra da Justiça e ministra da Família e da Mulher, ela era respeitada nessas funções, mas era amplamente vista como um dos elos mais fracos do governo Scholz no Ministério da Defesa.

Com informações das agências internacionais.

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