FSM debate caminhos para reconstruir o Brasil

O auditório Dante Barone abriu espaço para a mesa “O Novo Brasil que Queremos Construir”, temática alinhada a proposta do Fórum, que é de transformação social global.

A mesa do debate foi composta por parlamentares e movimentos sociais | Foto: reprodução/Instagram Daiana Santos

O segundo dia de atividades do Fórum Social Mundial (FSM) 2023, que acontece em Porto Alegre atraiu grande público interessado em participar das mais de 150 atividades sociais, culturais, políticas e econômicas oferecidas nesta edição. O auditório Dante Barone, na Assembleia Legislativa do RS, abriu espaço na noite desta terça (24) para a mesa “O Novo Brasil que Queremos Construir”, temática alinhada a proposta do Fórum, que é de transformação social global.   

Pouco antes do início, a presidente estadual do Cebrapaz/RS, Jussara Cony, e a presidente estadual da União de Negras e Negros pela Igualdade (Unegro/RS), Elis Regina, fizeram um preâmbulo sobre a trajetória do FSM, expondo os objetivos renovados pela atual conjuntura política e econômica do RS e do Brasil. Na sequência, as deputadas federais Daiana Santos (PCdoB) e Reginete Bispo (PT) assumiram a medição do debate.

A mesa foi composta pelo representante do Comitê Internacional do FSM, Oded Grajew; a deputada federal e presidente Nacional do PT, Gleisi Hoffmann; a deputada estadual do PDT, Juliana Brizola; a deputada estadual e presidente estadual do Psol, Luciana Genro; o presidente estadual do PCdoB, Juliano Roso; o presidente estadual do PSB, Mário Bruck; o presidente estadual da Rede, André Costa e o presidente estadual do PV, Márcio Souza.  

Desigualdade

Oded Grajew falou sobre a importância em adotar medidas para combater a desigualdade e salientou que a humanidade já deu muitos exemplos de coisas que deram certo e que também deram errado. “Dar certo significa atingir os melhores indicadores sociais, ambientais, econômicos, políticos e éticos. E todos os países que atingiram, sem exceção, esse patamar, escolheram o caminho da redução da desigualdade”, afirmou.

Odej Grajew falou da importância de se adotar medidas para combater a desigualdade | Foto: Tânia Rego/Agência Brasil

Segundo ele, para reduzir as desigualdades, é preciso buscar caminhos para uma educação pública de qualidade, implantar um sistema tributário progressivo e ter uma representação política que reflita a diversidade da sociedade e promova ações que busquem reduzir as desigualdades de gênero, raça, social, econômica, territorial.

Grajew afirmou que a desigualdade é a desarmonia das relações humanas, o que evidencia que a coletividade não poderá progredir enquanto essa mazela persistir. “A injustiça forma uma sociedade de conflitos e não de solidariedade”, afirmou. Ele também disse que o Brasil está entre as dez maiores economias do mundo e ainda assim é campeão em desigualdade. “Cerca de 1 % da nação tem metade da riqueza nacional, uma distância enorme entre ricos e pobres”, declarou.

Papel internacional, desenvolvimento e extrema direita

Juliano Roso, presidente estadual do PCdoB, levantou outros três pontos que, segundo ele, são necessários para a reconstrução do país. Entre eles está o papel internacional do governo Lula, que começou a ser jogado nesta semana após a ida do presidente para a Argentina. Segundo ele esse papel deve ser defender a paz e a união dos povos, a união latino-americana para o desenvolvimento dos povos e defender posições contra a extrema-direita que está organizada no mundo.

Ele ainda citou a Palestina, dizendo que o “governo Lula também vai jogar papel na luta em defesa da paz na Palestina e no reconhecimento dos territórios palestinos.”

Juliano Roso chamou atenção para o projeto nacional de desenvolvimento que o governo Lula “precisa cumprir, precisa fazer, precisa realizar. Nós precisamos que o Brasil tenha soberania nacional; retomar a indústria, retomar a ciência, retomar a educação. Projetos importantes que estão ligados ao projeto nacional”, disse.  

Roso disse que o enfrentamento à extrema-direita é ponto crucial para o Brasil que queremos. “Enfrentar essa direita na arena que nós conhecemos, que nós somos criados, botar o pé no barro, estar lá na comunidade, estar lá aonde o estado não chega e outras forças políticas e sociais chegam. É lá que nós precisamos estar”, pontou.

Ele acredita que é preciso continuar o trabalho de isolamento da direita “e colocar essa direita na cadeia, lugar de golpista é na cadeia, é isso que nós precisamos fazer, não podemos dar trégua nesse combate que tem que ser também no campo do judiciário, porque a frente ampla se dá em ambos os campos”, finalizou.

Governo

Gleisi Hoffmann, em conversa com a Agência Brasil, antes do início da mesa, destacou que a participação no FSM indica que o governo vai ouvir os movimentos sociais para as tomadas de decisões.

“O Fórum Social Mundial sempre foi uma referência para nós, um debate se contrapondo ao Fórum Econômico Mundial, ao neoliberalismo. Falando da vida, falando da necessidade do governo estar presente com políticas sociais efetivas, com uma responsabilidade social efetiva. [Os movimentos sociais] vão ser ouvidos com certeza, isso já é um compromisso do presidente, ele quer resgatar as conferências, os conselhos de participação, os comitês de acompanhamento de políticas públicas. É fundamental”.

O evento vai sábado (28) e está prevista a participação de ativistas de diversos movimentos sociais, como lideranças indígenas, do movimento negro, LGBTQIA+, estudantil e sindicalistas, além das ministras do Meio Ambiente, Marina Silva, e da Saúde, Nísia Trindade.

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com informações de agências

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