Governo Bolsonaro incinerou 1,9 mi de vacinas contra Covid

Segundo o TCU, a falta de planejamento e cuidado ocasionou o “descarte da quase totalidade dos imunizantes, gerando despesas de quase R$ 1 milhão”.

Os imunizantes da AstraZeneca foram doados pelos Estados Unidos em 2021 | Foto: Breno Esaki/Agência Saúde DF

O governo de Jair Bolsonaro incinerou 1,9 milhão de doses de vacinas AstraZeneca contra Covid em 2022 porque não foram distribuídas antes do prazo de validade vencer. A apuração foi feita em auditoria pelo Tribunal de Contas da União (TCU) que agora pede aos responsáveis o ressarcimento dos gastos pelo desperdício – cerca de R$ 1 milhão. As informações são do Uol.

Isso aconteceu porque o ministério da Saúde, controlado na época por Marcelo Queiroga, não distribuiu os imunizantes dentro do prazo de validade. Segundo o TCU, a falta de planejamento e cuidado ocasionou o “descarte da quase totalidade dos imunizantes, gerando despesas de quase R$ 1 milhão, com transporte, desembaraço aduaneiro, armazenagem e incineração, sem trazer benefícios à população”.

Para a deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ), a auditoria comprova a condução criminosa do governo Bolsonaro do combate à pandemia. “A auditoria do TCU constatou que “falta de planejamento e cuidado” levaram ao descarte de 1,9 milhões de vacinas contra a Covid-19. Quantas pessoas adoeceram ou perderam a vida por descaso? O projeto de Bolsonaro era matar o povo brasileiro. Tinha recurso, tinha vacina, tinha gente precisando. Só não tinha interesse do governo em salvar vidas”, afirmou.

Vacinas contra Covid

O Brasil recebeu 2,18 milhões de doses doadas pelo governo norte americano através de uma cooperação internacional. As vacinas chegaram no país no dia 21 de novembro de 2021 com prazo de validade em 31 de dezembro do mesmo ano – menos de 40 dias depois. Nesta data, o Brasil já tinha mais de 612 mil vítimas da Covid.

Na época, o ministro Marcelo Queiroga agradeceu a “solidariedade norte-americana” em nota publicada no Twitter. “Chegaram agora pela manhã mais de 2 milhões de doses de vacina Covid-19 doadas pelos Estados Unidos. Agradeço pela parceria. Juntos, vamos vencer esta pandemia!”, escreveu.

No documento, o TCU também cita Rosana Leite de Melo, ex-secretária Extraordinária de Enfrentamento à Covid (Secovid). Ela afirmou ao órgão que “o cenário no Brasil teria mudado consideravelmente com notável avanço da vacinação”, e isso teria provocado o não uso das doses. Melo disse ainda que “todos os esforços necessários para dar destinação para as vacinas foram realizados, tanto em território nacional, quanto para utilização com população de outros países”.

Para o órgão, a decisão de aceitar imunizantes tão próximos do vencimento foi um erro que deve ser ressarcido. “Cabe registrar que as vacinas já não admitiam prorrogação da data de vencimento, uma vez que já possuíam certificado de extensão de validade nos Estados Unidos, de modo que a data de 31/12/2021 já resultava de prorrogação efetivada no país de origem.”

No despacho publicado na última quarta-feira (1º/3), o TCU estipulou um prazo de 15 dias para que os responsáveis apresentem defesa ou façam o pagamento no valor total de R$ 1 milhão. Para mais, foram dados 10 dias para que o Ministério da Saúde apresente informações sobre a quantidade de vacinas contra “covid-19 em estoque, data de validade, quantidade de produto já descartado, entre outras questões”.

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Com informações de agências

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