Bolsonaro dirá à PF que não sabia dos cartões falsificados
O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens dele, foi preso na operação que investigou a adulteração dos documentos
Publicado 11/05/2023 16:59 | Editado 12/05/2023 16:09
Apesar das evidências, Bolsonaro dirá no seu depoimento da próxima terça-feira (16) à Polícia Federal (PF) que não tratou sobre falsificação do seu cartão de vacina e da sua filha, e nem sobre golpe de Estado para se manter no poder.
Mauro Cid, ex-ajudante de ordens dele, foi preso na operação da PF que investigou a adulteração dos documentos.
Do material apreendido, os agentes extraíram troca de mensagens do ex-ajudante e Ailton Barros, ex-major do Exército e amigo de Bolsonaro, tramando um golpe de Estado em dezembro de 2022.
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Na mesma ação, a PF apreendeu o celular do ex-presidente na casa dele num condomínio em Brasília.
De acordo com a apuração do jornalista Paulo Cappelli, colunista do site Metrópoles, o ex-presidente alegará que as mensagens em seu celular apreendido e no de aliados confirmarão o que diz.
Segundo a PF, as fraudes da falsificação dos cartões, incluídos o do próprio Cid e da sua esposa Gabriela Santigo Cid, ocorreram entre novembro de 2021 e dezembro de 2022.
Parte das falsificações aconteceu na sede do Palácio do Planalto. Com base em informações da Secretaria de Governo Digital, os agentes já sabem que, até o dia 22 de dezembro, a conta do ex-presidente era administrada por Mauro Cid.
Exatamente nessa data, o cadastro da conta de Bolsonaro foi modificado para um email de Marcelo Costa Camara, então assessor especial de Bolsonaro e quem acompanhou o ex-presidente em sua estadia na cidade de Orlando, nos Estados Unidos.
IP
Na justificativas dos mandados de busca e apreensão, a PF ressaltou que a “alteração cadastral foi realizada a partir do mesmo endereço de IP utilizado para emitir o certificado de vacinação ideologicamente falso, com registro no Palácio do Planalto”.
“Desta forma, é possível concluir que o acesso ao aplicativo ConecteSUS e as consequentes emissões de certificado de vacinação contra a Covid-19, nos dias 22 e 27 de dezembro de 2022, pelo usuário do ex-Presidente da República JAIR BOLSONARO foram realizados no Palácio do Planalto, local condizente com a atividade então exercida por JAIR MESSIAS BOLSONARO”, destacou a PF.
“Tais condutas, contextualizadas com os elementos informativos apresentados, indicam que as inserções falsas podem ter sido realizadas com o objetivo de gerar vantagem indevida para o ex-Presidente da República, JAIR BOLSONARO relacionada a fatos e situações que necessitem de comprovante de vacinação contra a Covid-19. Conforme exposto, a própria alteração cadastral de e-mail da conta ‘GOV.BR’ de JAIR BOLSONARO foi realizada no contexto das inserções falsas e gerações de certificados ideologicamente falsos”, diz outro trecho do documento.