China e EUA trocam ataques – e o Brasil sob o governo Lula é o motivo

Para além do Brasil, China tem estreitado relações com mais de 20 países latino-americanos, sobretudo com a Nova Rota da Seda

As escolhas do Brasil no comércio internacional viraram alvo de uma disputa acalorada entre Estados Unidos e China. Desde o início do governo Lula, em janeiro, o País tem priorizado o chamado “Sul Global” nas relações comerciais – o que incomoda a Casa Branca.

Na semana passada, em entrevista ao Estadão, uma autoridade norte-americana, Brian A. Nichols, secretário- adjunto de Estado para Assuntos do Hemisfério Ocidental, ousou desqualificar o rival asiático, dando início aos ataques. Segundo o intragável Nichols, os projetos de infraestrutura chineses seriam “enganosos”, de baixa qualidade, estariam ligados a esquemas de corrupção e seriam prejudiciais ao crescimento econômico dos países parceiros.

Os termos infames revoltaram o governo chinês, que contra-atacou. “As declarações do alto funcionário dos EUA são infundadas e ridículas, tendo como objetivo difamar a cooperação econômica externa da China e minar as relações amistosas e cooperativas entre a China e o Brasil e outros países da América Latina. Manifestamos forte insatisfação e veemente repúdio a essas declarações”, disse o ministro-conselheiro Li Qi, porta-voz da embaixada chinesa em Brasília.

De acordo com Li Qi, “algumas pessoas dos EUA estão empenhadas em difamar a cooperação da China com o Brasil e outros países da América Latina apenas com base em especulações subjetivas, sem conseguir trazer nenhuma evidência convincente”. O porta-voz lembrou o êxito da recente visita de Lula a Pequim. Na ocasião, Brasil e China assinaram 20 acordos.

Para além do Brasil, a China tem estreitado relações com mais de 20 países latino-americanos, sobretudo com a Belt and Road (Cinturão e Rota, ou Nova Rota da Seda). Por meio dessa iniciativa, lançada em 2013, os chineses têm turbinado os investimentos em projetos de infraestrutura em diversos continentes. O país estima ter financiado “quase US$1 trilhão” em “mais de 3 mil projetos de cooperação”, que geraram 420 mil empregos, ajudando a tirar 40 milhões de pessoas da pobreza nos países parceiros”.

“A Iniciativa Cinturão e Rota é uma iniciativa de cooperação internacional aberta e inclusiva, sem quaisquer intenções militares ou geoestratégicas”, aponta a Chancelaria chinesa. “A cooperação entre a China e os países parceiros baseia-se nos princípios da participação voluntária, igualdade, benefício mútuo, abertura e transparência. Nenhum dos países parceiros concorda com a alegação de que a Iniciativa Cinturão e Rota causa a chamada ‘armadilha da dívida’.”

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