Lula diz não ter problema com o agronegócio e anuncia novo plano Safra em live

Entrevista foi dada ao jornalista Marcos Uchôa para o Conversa com o Presidente, que irá ao ar toda terça. O podcast procura aproximar o governo federal e os cidadãos brasileiros

Foto: Ricardo Stuckert

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) estreou, nesta terça (13), seu podcast Conversa com Presidente, no YouTube e nas redes sociais. A entrevista foi conduzida pelo jornalista Marcos Uchôa e idealizada pela Secom (Secretaria de Comunicação Social), chefiada pelo ministro Paulo Pimenta.

O programa servirá para o governo federal comunicar à população brasileiras as políticas públicas implementadas pela gestão. A ideia é que o Conversa com Presidente vá ao ar todas as terças.

A transmissão do podcast é feita pela Empresa Brasil de Comunicação (EBC), órgão público responsável pela disseminação de informações de interesse da sociedade brasileira.

A escolha reforça a intenção do governo em promover um canal de comunicação amplo e acessível, buscando alcançar diferentes públicos em todo o país. O podcast, formato escolhido pela Secom, procura tratar os temas de uma forma jornalística e profissional, mas com leveza.

Reconstrução e Desenrola

Neste primeiro episódio, o presidente Lula e o jornalista Uchôa debateram temas que estão no centro do debate da política brasileira nestes seis primeiros meses de governo. Lula relembrou as dificuldades do início do mandato e a necessidade de reconstruir o país.

“Eu chego em estados e pergunto se alguém lembra de obra de infraestrutura feita pelo governo passado e ninguém lembra. Nós encontramos 14 mil obras paradas. Só na área da educação são 4 mil obras paradas. No [programa] Minha Casa, Minha vida são milhares de casas [em obra] paradas desde o governo Dilma”, disse Lula.

Ao ser lembrado por Uchôa sobre as recentes viagens do presidente à uma fábrica de carros, em Pernambuco, Lula comentou a importância do reinserir a população brasileira no mercado de consumo. “Nós estamos preocupados para encontrar uma saída para os 72 milhões de brasileiros que devem e estão com nome sujo. Devem porque usaram o cartão de crédito para comprar comida, deve porque usou o cartão de crédito para enfrentar a pandemia”, disse.

“Nós queremos ajudar essa gente e por isso estamos criando um programa chamado Desenrola. Vamos encontrar um jeito de tirar o nome da pessoa para ela voltar a normalidade do consumo”, concluiu o presidente.

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Bons resultados da economia

Uchôa provocou Lula a comentar se ele esperava os resultados surpreendentes da economia brasileira. “Pensa bem, a inflação foi a mais baixa dos últimos tempos, o crescimento neste último trimestre foi altíssimo, o dólar abaixando e a bolsa subindo. Você esperava que desse tão certo e tão rápido?”

O presidente atribuiu os feitos a volta da normalidade do Brasil. “Durante a campanha eu dizia três palavras mágicas: credibilidade, estabilidade e previsibilidade. Se a gente garantir isso está resolvido o problema”.

Lula aproveitou o tema para abordar a conversa que teve com a presidente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, na visita que fez ao Japão para a reunião do G7. “A previsão do FMI sobre o crescimento do Brasil para este ano está equivocada. Disse para ela que quando chegar no fim do ano que vem, vou encontrar com a senhora no G20 para provar que a economia brasileira cresceu muito mais do que vocês estão prevendo agora”.

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Agronegócio e agricultura familiar

Perguntado sobre sua relação com o agronegócio, Lula disse que nunca teve problema com o setor e que defende uma reforma agrária “pacífica”.

“Eu nunca tive problema com o agronegócio. Eu governei oito anos este país, eles sabem o que nós fizemos por eles. No nosso tempo, essas máquinas colheitadeiras grandes que parecem robô eram financiadas com 2% ao ano. Hoje eles estão pagando 14%”, disse Lula. “O problema pode ser ideológico. Se for ideológico, paciência”, concluiu o presidente.

Sobre a reforma agrária, Lula afirmou que cabe ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) decidir sobre quais terras são consideradas improdutivas e devem ser direcionadas ao programa.

“Se quem faz o levantamento da terra improdutiva é o Incra, o Incra é que comunica o governo quais são as propriedades improdutivas que existem em cada estado brasileiro e a partir daí nós vamos discutir a ocupação dessa terra”, disse.

Em recado para o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra, Lula afirmou que não precisa ter conflito para resolver os problemas da reforma agrária. “É simples, não precisa ter barulho, não precisa ter guerra, o que precisa ter é competência e capacidade de articulação”, completou Lula.

O presidente afirmou que os ministérios da Agricultura e do Desenvolvimento Agrário anunciarão um novo Plano. “Vamos anunciar o Plano Safra agora, tanto para a agricultura familiar quanto para o agronegócio, e eles vão perceber que da parte do governo não há nenhuma objeção a eles”, afirmou.

Seleção brasileira

Na tentativa de finalizar o programa com um tema leve, o presidente lamentou que o futebol brasileiro tenha se tornado um exportador de grandes talentos. “O futebol brasileiro não está bem. A gente não é mais o melhor futebol do mundo. Hoje a gente virou um país exportador de jovens jogadores que ficam experientes no exterior. A gente vende eles com 17 anos e compra com 34. Essa é a lógica do futebol brasileiro. Então eu lamento que a nossa seleção não esteja preparada para disputar grandes eventos”, disse o presidente.

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