Lula critica cultura armamentista legada pelo governo Bolsonaro

“É preciso apenas a gente reaprender a viver democraticamente de forma feliz, alegre”, declarou na programa Conversa com o Presidente desta segunda (14)

O presidente Luiz inácio Lula da Silva voltou a criticar nesta segunda (14) a cultura armamentista deixada pelo governo Bolsonaro. Lula chamou de covarde quem anda armado nas ruas do país.

“Que estupidez é essa? 0 Brasil não era assim. Depois que apareceu alguém querendo armar o povo brasileiro. Quem é que quer comprar arma? É o crime organizado e algumas pessoas que não querem fazer bem pra ninguém. Eu não quero ter arma dentro de casa pra fazer bem, se eu tiver arma em casa é pra me livrar de alguém. E tem gente que gosta, sai armado, mostrando que é poderoso. Não. Não é verdade. Você é um covarde. Quem anda armado é um covarde. Tem medo. Se você não tiver medo e você for do bem, você não tem que andar armado. Se alguém Ihe ofender, não precisa… quando um cachorro late pra gente, a gente não late pro cachorro. Então é preciso apenas a gente reaprender a viver democraticamente de forma feliz, alegre”, declarou Lula.

A declaração foi dada no programa semanal Conversa com o Presidente, da EBC, apresentado pelo jornalista Marcos Uchôa.

Durante o governo Bolsonaro foram assinados inúmeros decretos facilitando o acesso a armas de fogo no Brasil. Houve ainda um aumento de 1.400% no número de clubes de tiros, que passaram de 151 estabelecimentos, em 2019, para 2.038, em 2022.

Além dos clubes, o último governo concedeu 904.858 registros de novas armas entre 2019 e 2022, uma média de 691 registros por dia.

Em julho, Lula assinou um decreto restringindo o acesso a armas no país, reduzindo o limite por pessoa. Sob Bolsonaro, um atirador podia ter até 60 unidades (sendo 30 classificadas como de uso restrito das forças de segurança e Forças Armadas). Agora, o número caiu para 16 (sendo 4 de uso restrito).

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Lula ainda comentou, com indignação, a morte da menina Eloah Passos, de cinco anos. No sábado (12), ela foi atingida por um tiro dentro de casa, enquanto brincava no quarto, na comunidade conhecida como Cova da Onça, no Morro do Dendê, no Rio de Janeiro.

“Que bala perdida é essa? Alguém atirou para aquele lado, essa bala não se perdeu. Essa bala foi atirada para aquele lado para atingir alguém e pegou uma criança de cinco anos de idade. Aonde é que a gente vai parar com esse tipo de comportamento, de violência? E muitas vezes é a própria polícia que atira”, afirmou Lula, nesta segunda-feira (14), durante o programa semanal Conversa com o Presidente, transmitido pelo Canal Gov.

Eloah foi atingida durante conflito causado pela chegada de policiais militares para dispersar uma manifestação de moradores contra a morte de Wendel Eduardo, de 17 anos, em uma ação da Polícia Militar (PM) no Dendê, que tinha ocorrido mais cedo. O Comandante do batalhão da PM na Ilha do Governador foi afastado.

“Quando a gente fala assim as pessoas pensam que a gente é contra a polícia. Não somos contra polícia não, nós queremos policiais bem preparados, bem instruídos, com bastante inteligência. Agora, o que não pode é sair atirando a esmo, sem saber para onde atira. Porque a bala perdida é um pouco isso: eu atirei em alguém e matei outra pessoa. Que brincadeira é essa? Esse país não precisa disso”, argumentou o presidente.

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