Fundos exclusivos de super-ricos têm saída de R$ 71 bilhões este ano

Segundo estudo, super-rico brasileiro tem R$ 151 milhões, na média, e pagam menos Imposto de Renda que classe média; governo enviou proposta de taxação dos fundos exclusivos

Foto: odumazza/freepik

Levantamento da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) mostra que R$ 71,4 bilhões foram sacados dos fundos exclusivos entre os meses de janeiro e julho deste ano. Os fundos exclusivos, conhecidos também como dos super-ricos, são aqueles que o governo visa taxar entre 15% e 20% pela Medida Provisória (MP) 1.184, enviada esta semana ao Congresso.

O fundo de super-ricos tem um único cotista e, atualmente, são taxados somente pelo Imposto de Renda na hora do resgate dos valores.

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No mesmo período a indústria de fundos produziu R$ 125 bilhões, ou seja, os R$ 71,4 bilhões representam mais da metade do dinheiro que circulou e foi sacado.

O patrimônio nestes fundos exclusivos representava em julho R$ 966,2 bilhões. De forma geral o setor de fundos fechou julho em R$ 8 trilhões.

Ao Valor, André De Vita, sócio do Cascione Advogados, disse que antes da proposta do governo já havia movimentações para esvaziamento dos fundos e distribuição do dinheiro, ou mesmo de remessa de recursos ao exterior.

Raio-X dos super-ricos

Dados do Pacto Nacional pelo Combate às Desigualdades, coordenado pela ABCD (Ação Brasileira de Combate às Desigualdades) e trazidos pelo UOL, mostram quem são estes super-ricos.

Segundo o estudo, os super-ricos no Brasil não somente garantem o seu sucesso pela riqueza que acumulam, mas também são beneficiados por um sistema tributário injusto que os fazem pagar metade de Imposto de Renda, de forma proporcional, ao que paga a classe média.

Entre os 0,01% mais ricos do Brasil, cerca de 20 mil pessoas, a riqueza chega, em média, a R$ 151 milhões. Para os 0,1% mais rico a fortuna é R$ 26,2 milhões e para os menos abonados da turma, o 1% entre os mais ricos, a riqueza é de R$ 4,6 milhões.

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Já no andar de baixo, 7,6 milhões de brasileiros (2,8% da população) vivem com R$ 150 por mês. Os dados trazem que os 10% mais ricos do Brasil recebem 14,4 vezes mais do que os 40% mais pobres.

Quanto ao Imposto de Renda Pessoa Física, os 10% mais ricos pagam 19,2% de Imposto, enquanto os 10% mais pobres pagam 26,4%, conforme o Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada).

*Com informações Valor, Metrópoles e UOL. Edição Vermelho, Murilo da Silva

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