“Trem da discriminação” altera operação em São Paulo e gera indignação

A ViaMobilidade descumpriu afirmação feita à Justiça ao alterar neste sábado (2) e domingo (3) a operação da Linha 8-Diamante e Linha 9-Esmeralda, em detrimento dos passageiros que pagaram R$40 por um expresso até o festival de música The Town.

A juíza Liege Gueldini de Moraes, 7ª Vara Cível de Osasco, liberou a ViaMobilidade cobrar R$40 em dois trens expressos com destino ao festival, após a concessionária afirmar que manteria as outras operações regularmente durante o evento.

O serviço especial para o festival tem embarque nas estações Barueri, da Linha 8-Diamante, e Pinheiros, da Linha 9-Esmeralda, com destino para a estação Autódromo. Os “passaportes” do primeiro lote, que incluem ida e volta, podem ser adquiridos a partir de R$ 40 (ida e volta). O trem esteve disponível neste final de semana e nos dias 7, 9 e 10 de setembro.

O sindicato dos Metroviários havia proposto uma ação civil pública contra a empresa por incompatibilidade na tarifa, uma vez que o bilhete convencional custa R$4,40. “O serviço expresso também segrega os usuários do transporte público, pois cria uma diferenciação entre os que podem pagar R$40 e os que não podem”, disse o sindicato.

Passageiros convencionais relataram atrasos fora do comum nas duas linhas. “Eu moro no Grajaú [zona sul], trabalho próximo da estação Morumbi. Eu tive que ir para Pinheiros para conseguir pegar um ônibus para voltar para casa, porque de trem estava impossível”, relatou um usuário ao Metrópoles.

A ViaMobilidade aumentou os intervalos de uma viagem para outra para conseguir encaixar os trens expressos. Enquanto os passageiros regulares relataram atrasos fora do normal, no entanto, muitas composições do expresso passaram vazias.

Na estação Carapicuíba, da Linha 8-Diamante, os usuários reclamaram de uma cerca que limitava o uso dos assentos, nas plataformas, para o público do festival.

Tarifa de R$40 é inédita

De acordo com a ViaMobilidade, há previsão contratual que lhe permite a prestação de serviços complementares, como a possibilidade de os clientes adquirirem o serviço expresso e semi-expresso.

Por outro lado, os Metroviários alegam que o Metrô e CPTM já realizaram, com a tarifa padrão, operações especiais com trens expressos e durante 24 horas em diversos eventos na capital paulista, como Copa do Mundo, Olimpíada, Lollapalooza, Virada Cultural.

A Linha 8-Diamante e a Linha 9-Esmeralda foram privatizadas pelo governo João Dória (PSDB), em 2021, entregue a ViaMobilidade em janeiro de 2022.

No período, no entanto, a quantidade de falhas nas duas linhas explodiu e a ViaMobilidade foi condenada a pagar R$150 milhões em indenização por danos morais.

Levantamento divulgado pela Folha de S.Paulo, em abril deste ano, revelou que foram mais 166 falhas entre entrega da concessão, em 27 de janeiro de 2022, até 31 de janeiro de 2023. Uma média de uma falha a cada três dias, atrapalhando 1,1 milhão de trabalhadores.