PF investiga R$ 6 bi em contrabando de ouro no território Yanomami

Ação conjunta com a Receita Federal realiza três operações distintas para cumprir ao menos 4 mandados de prisão e 48 de busca e apreensão em 8 estados e no DF

Terra indígena Yanomami | Foto: Fernando Frazão/Agbr

A Polícia Federal desencadeou nesta quarta-feira (20) três operações para combater o garimpo ilegal e o comércio ilícito de ouro no Território Indígena (TI) Yanomami. Segundo as investigações, o ouro extraído de garimpos clandestinos na região Yanomami, bem como na Venezuela, estava sendo comercializado no exterior, movimentando cerca de R$ 6 bilhões em transações suspeitas.

A ação da PF, em conjunto com a Receita Federal, envolve a execução de pelo menos quatro mandados de prisão e 48 de busca e apreensão no DF e mais oito estados: Roraima, Goiás, Amazonas, Tocantins, São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Norte e Pará.

Em Roraima, a Operação Eldorado resultou na execução de dois mandados de prisão preventiva e 40 de busca e apreensão em Roraima, Amazonas, Goiás e Distrito Federal. O esquema envolvia o contrabando de ouro venezuelano, que ingressou clandestinamente no Brasil como pagamento pela exportação de alimentos pelos mercados de Roraima e Amazonas.

As Transportadoras ocultavam o ouro contrabandeado no interior dos caminhões, dispensando procedimentos e pagamento de tributos. Posteriormente, o minério seria adquirido por outros membros do esquema e enviado para empresas de exploração de minério aurífero, concretizando o pagamento a supermercados e distribuidoras de alimentos. Os principais envolvidos no esquema também são suspeitos de explorar ilegalmente o ouro em Terras Indígenas Yanomami e garimpos em outros estados. Além das prisões e buscas, a Justiça tentou o bloqueio de investimentos financeiros, veículos e aeronaves dos investigados.

A Operação Emboabas, no Amazonas, também teve como alvo o contrabando de ouro, identificando acusações de exportações ilegais para a Europa. A operação resultou na prisão preventiva de duas pessoas e na execução de 16 mandados de busca, bem como na decretação do sequestro de bens no valor de mais de R$ 5,7 bilhões. A investigação encontrou indícios de contrabando de ouro para a Europa após a prisão de uma pessoa que transportava 35 kg de ouro que seriam entregues a dois norte-americanos, sócios de uma empresa em Nova York, EUA.

O esquema envolve a aquisição de ouro de terras indígenas e leitos de rios com o uso de dragas e declarações fraudulentas de que o ouro foi extraído em permissões de lavra garimpeira regularmente constituídas. O alvo principal do esquema realiza a “legalização” do ouro por meio de um cidadão austro-brasileiro que alega ter mais de R$ 20 bilhões em barras de ouro em um “suposto país independente criado pelo investigado”.

Já a Operação Lupi, no Tocantins, teve como objetivo específico a atuação de uma organização criminosa dedicada à remoção, comercialização e exportação ilegal de ouro nas terras indígenas, bem como lavagem de dinheiro. O esquema inclui a extração ilegal de minérios em áreas proibidas, falsificação de documentos e exportação de ouro ilícito. As medidas tomadas visam identificar os principais envolvidos na exportação do nosso ouro ilegal, desmantelar a organização criminosa e recuperar ativos financeiros.

Os investigados responderão por crimes graves, como usurpação de bens da União, organização criminosa, lavagem de dinheiro, exclusão ilegal de ouro, contrabando, falsidade ideológica, recepção comprometida e outros delitos. A Justiça também determinou a indisponibilidade de investimentos financeiros, veículos e aeronaves dos investigados.

Essas operações representam um esforço significativo no combate ao garimpo ilegal e ao comércio ilícito de ouro, envolvendo a preservação do meio ambiente e a proteção dos territórios indígenas. A Polícia Federal, ao que se sabe, continuará sua atuação no sentido de desmantelar essas organizações criminosas e levar os envolvidos à justiça.

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com informações da Polícia Federal

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