Greve na USP completa um mês sem consenso

Em assembleia, movimento estudantil decidiu manter a paralisação, enquanto alguns departamentos optaram pelo retorno às aulas

Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil

Numa assembleia realizada nesta quarta-feira (18), no espaço aberto da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP), os coletivos do movimento estudantil da instituição não conseguiram chegar a um consenso, e a greve, iniciada há exatamente um mês devido ao déficit de professores, continua a afetar a rotina universitária.

Após uma votação que refletiu a divisão de opiniões entre os estudantes, 388 votos foram pela continuidade da greve, 215 a favor de mudanças, e 15 abstenções. A assembleia reuniu representantes de diversos departamentos da USP e colocou em evidência a complexidade da situação.

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Os manifestantes, inicialmente liderados por alunos da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH), expandiram sua ação para outras unidades da universidade na cidade de São Paulo. Em algumas delas, foram registrados piquetes e tentativas de impedir a realização das aulas. A reitoria, a princípio, recusou-se a negociar com os grevistas, mas no último dia 4 apresentou uma série de propostas visando encerrar a paralisação.

Uma das propostas-chave da reitoria foi a contratação de 148 professores temporários, a serem distribuídos aos cursos mais necessitados até o fim deste ano. A princípio, os professores também aderiram à greve, mas decidiram retornar ao trabalho no dia 10 de outubro após concordarem com as propostas apresentadas pela administração.

As propostas da reitoria são:

  • Contratação de 1.027 novos professores, sendo que 879 já faziam parte da política de contratação da universidade e 148 novas vagas que serão distribuídas de acordo com as perdas ocorridas em 2022;
  • Reposição automática de professores exonerados;
  • Nenhum curso será fechado por falta de professores;
  • Criação da Comissão de Acesso Indígena;
  • Uniformização do fornecimento de refeições nos bandejões;
  • Distribuição das bolsas PUB (Programa Unificado de Bolsas) não contempladas ainda este ano;
  • Reanálise das solicitações negadas do auxílio de permanência estudantil;
  • Construção de um prédio de uma creche para a USP Leste.

No dia 6 de outubro, os alunos da Escola Politécnica da USP votaram no plebiscito homologado e aprovaram o fim da greve na unidade. Metade dos quase 5.000 matriculados participaram da votação, com 1.214 contrários à continuidade da greve, 1.129 favoráveis e 71 abstenções. 

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Após três dias, 139 docentes da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA) divulgaram uma carta pedindo o fim da greve e a retomada das aulas na unidade, reconhecendo o déficit de professores que afeta a universidade, mas enfatizando a necessidade de retomar o ensino o quanto antes.

Na assembleia realizada no dia 11 de outubro, a maioria dos estudantes decidiu manter a paralisação, apesar de Poli, FEA e a Faculdade de Direito no Largo de São Francisco terem decidido abandonar a greve.

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Apesar dos apelos e do progresso em algumas unidades, a greve na USP permanece sem uma solução definitiva, deixando em suspenso a situação dos estudantes e professores afetados e exigindo um esforço contínuo para resolver a crise que assola uma das mais prestigiosas instituições de ensino do país. 

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com agências

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